Do mundo a ser conquistado
O Brasil não vende, com raras exceções, mas é comprado. Nossos principais produtos de exportação são comprados pelos importadores que, na sua maioria, os adquirem através de trading estrangeiras. Isso vale especialmente para a área de agronegócios e menos na área de mineração, em que a Vale desenvolveu sua própria rede de comercialização, e de alguns exemplos nas áreas de suco de laranja, cafés especiais ou até joias, como é o caso das duas mineiras, Vianna, do Mundinho, e Manoel Bernardes. Também existem como exceção os casos das Havaianas, Osklen, Marco Polo, Weg e algumas outras empresas. E algumas empresas de fundição e ferro-gusa. Ou até de pão de queijo, como a Forno de Minas. Mas, todo esse esforço não é suficiente para aumentar nossas vendas no exterior, permitindo que nos tornemos um player importante no comércio internacional. Os caminhos para mudar essa situação são muitos, mas há dois que devem ser levados em consideração. Mas, primeiro, temos que afirmar que exportar, ampliar mercados e ficar menos dependente do mau humor da economia nacional, é para todos, desde que haja produto ou serviço, caso da Localiza, que interesse aos mercados no exterior. Claro que é preciso ter qualidade, perseverança, capacidade para se adaptar às exigências do comprador e fôlego financeiro para isso. Neste último item, é importante salientar o papel importante do Banco Itaú e do Banco do Brasil, já que o BNDES é só para grandes negócios. Mas, o primeiro caminho é ver quais acordos comerciais o Brasil possui que facilitam a entrada dos seus produtos em um determinado mercado. Existe um acordo comercial com o Egito, que compra anualmente mais de 1.5 bilhão de carnes brasileiras. Mas, o acordo facilita também a exportação de outros produtos. Tem acordo também com Israel. Estão em negociações acordos com a União Europeia, Suíça, Noruega, Singapura, Canadá etc. O segundo ponto é entender que não existe país grande ou pequeno, existe bom comprador para seus produtos. O Vietnã compra mais do Brasil do que o Peru. O que você conhece do Suriname ou da Guiana, países vizinhos que crescem e precisam muito do que o Brasil produz? Ou seja, são os novos mercados, países diferentes dos mercados tradicionais, que são nosso futuro. Os industriais de Santa Rita de Sapucaí, liderados pelo Sindivel, foram à Guatemala e Honduras, mesmo com os problemas que os dois países têm e nem nos dias de erupção de vulcão se assustaram, mas trabalharam para vender. A Nigéria está comprando mais de um bilhão de dólares de equipamentos agrícolas com financiamento do Banco Islâmico. Como vários projetos, também este organizado pelo Itamaraty, cuja rede de promoção comercial atinge mais de 100 países e está muito mais ativa depois que o ministro Aloysio Nunes assumiu. Aliás, para contatar essa rede você só precisa usar o escritório do Itamaraty em Minas, Ereminas, aí no prédio da Fiemg. Mexa-se, não só passeie pelo exterior, mas conquiste novos mercados, porque o que está aqui vai demorar para reagir. * Ex-presidente do Sebrae Minas e da Fiemg – Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, cofundador de Minas em Movimento
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