[EDITORIAL] Banqueiros querem mais
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O Banco Central decidiu, em sua última reunião no ano, manter a taxa básica de juros em 6,75% ao ano. Um sinal de estabilidade, e de relativa tranquilidade, que o mercado vê como positivo. Parece bom e é bom, pelo menos se tomadas em conta as taxas praticadas num passado não muito distante. Mas não é bom se entendermos que as taxas praticadas no País prosseguem excessivamente elevadas, contrariando o que se observa nos países desenvolvidos e, mesmo, nos emergentes. Não é bom se entendermos sobretudo as implicações sobre o custo da rolagem da dívida pública e igualmente não é bom na compreensão de que a situação atual estimula investimentos financeiros e tira do radar investimentos produtivos, questão crucial para o Brasil neste momento.
Estas considerações iniciais nos remetem ao entendimento dos bancos que operam no Brasil, onde, não por acaso, alcançam níveis de rentabilidade que estão entre os mais elevados no planeta. Concentração e políticas públicas equivocadas explicam a situação, da mesma forma que ajudam na compreensão das razões que situam o desempenho da economia nacional no nível da mediocridade e muito distanciado das necessidades do País. Disso podem falar, com propriedade, milhares de empresas que encerraram seus negócios, não raro de forma dramática, assim como a legião de – pelo menos – doze milhões de desempregados.
Começar a inverter essa equação, evidentemente, é tarefa reservada ao próximo governo, já que o atual a essas alturas se ocupa exclusivamente de limpar gavetas. E nesse sentido as informações são por enquanto desencontradas, apesar dos sinais emitidos pelo presidente Bolsonaro, que não parece satisfeito com a situação, que em nada favorece a retomada dos negócios, enquanto a equipe econômica – com o mineiro Paulo Guedes à frente – sugere que as regras do jogo, pelo menos nesse particular, estão bem colocadas.
Num plano mais concreto e diante de tudo aquilo que por enquanto é incerto, a poderosa Febraban, a federação que reúne os bancos, atira com armas de grosso calibre e, pior, dá a entender que está tudo certo, como se uma eventual queda nos juros fosse uma espécie de concessão sua. E vai direto ao ponto: os bancos não abrem mão dos resultados, se não à custa de compensações. E apontam, quase sem pudor, a redução de impostos, pedem regras mais simples para a recuperação de crédito, e liberdade para cobrar tarifas. Ou estão blefando ou sabem que têm força para fazer o futuro presidente engolir tantos desaforos.
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Pode ser também que, naturalmente mais bem informados, saibam que tem aliados fortes na equipe econômica, capazes de garantir que tudo fique como está.
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