EDITORIAL | Depende de quem ganhar
O Brasil caminha para as eleições, para alguns analistas e estudiosos as mais importantes de sua história, e o tempo parece cada vez mais curto para decisões vistas como cruciais. As principais candidaturas, aquelas que parecem mais viáveis e figuram com destaque nas pesquisas, estão definidas, algumas já confirmadas pelas convenções partidárias. Mas continua faltando clareza, bem percebida nas dificuldades para compor as chapas, apontando vice-presidentes e vice-governadores. Pior, nas discussões em andamento, algumas correndo sem qualquer disfarce, surgem os mesmos elementos da velha política, indicativos de que continuam a não existir convicções e ideologias, muito menos programas a aproximar candidatos e partidos. O jogo continua sendo exclusivamente de conveniências, como se os acontecimentos recentes no País não tivessem produzido qualquer efeito e as exceções fossem, de fato, apenas exceções. Diante do tamanho dos problemas que o País tem pela frente, tudo isso é verdadeiramente assustador. Candidatos, quando se manifestam, fazem as promessas de sempre, dizem o que julgam que os eleitores querem ouvir ou o que lhes é sugerido pelas pesquisas em conluio com os marqueteiros, que tentam vender políticos da mesma forma que venderiam sabonetes. Os resultados aí estão e são amplamente conhecidos, nada indicando que as coisas possam, de fato, mudar. Esta é uma das com conclusões possíveis quando se constata que todos, ou quase todos, prometem que promoveriam a reforma do sistema previdenciário, para eles questão inadiável. Mas não dizem nada sobre como convencerão seus aliados, nada interessados no assunto porque se trata de combater privilégios dos quais direta e indiretamente eles são também beneficiários. Repete-se a velha história de que é preciso mudar para deixar tudo como está, embora falte saber por quanto tempo mais será possível resistir à casta de políticos e burocratas que tomaram conta do País exclusivamente para dele se servir. Imaginamos, ao contrário do que é real, a política elevada ao seu verdadeiro papel, propondo e executando um projeto para o Brasil, um projeto de governo e não apenas de poder, construindo afinal a prosperidade que se reflita em melhores condições de vida para todos, em gestão pública eficiente, capaz de responder pelos serviços que não podem ser sonegados à população. Estamos imaginando o essencial, falando daquilo que, fossem outras as condições, seria dado como elementar. O dever de todos e de cada um, no caminho da construção de uma sociedade capaz de construir prosperidade e justiça. Parece muito, se aproxima da utopia, mas poderia ser até pouco desde que a cidadania estivesse em primeiro plano.
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