[EDITORIAL] Hora de fazer a conta certa
Nas últimas semanas alguns movimentos, aparentemente isolados e desarticulados, fizeram com que caminhoneiros dessem sinais de vida, lembrando de alguma maneira os acontecimentos de maio passado. Houve inclusive algumas tentativas de bloqueios em rodovias importantes, porém sem relevância. Ficam, entretanto, os sinais de intranquilidade de uma categoria cuja importância já está suficientemente evidenciada e ao mesmo tempo a necessidade de que se encontre soluções para os problemas que persistem.
Em maio passado, e em circunstâncias que sob alguns aspectos ainda estão por ser esclarecidas, as pressões resultaram em soluções apressadas, das quais se pode dizer no mínimo que estavam desconectadas da realidade, como os subsídios ainda em vigor para o diesel – e prorrogado recentemente – e a tentativa de tabelamento do frete, decisão que conseguiu desagradar a quase todo mundo. Para completar, providências provisórias, com data marcada para acabar, razão do desconforto atual.
Além de recursos, em quantidades que não estão disponíveis hoje, as soluções para os problemas de logística que o País enfrenta, a partir exatamente da excessiva dependência do transporte rodoviário, justamente o mais caro e menos eficiente para longas distâncias, demandam tempo. E tempo que, a julgar pelos sinais comentados, não existe. A categoria teria apenas entendido que não tem mais o que conversar com o governo atual, esperando o próximo para voltar à carga.
Vai acontecer, a questão se resume a saber exatamente quando e se Bolsonaro e seus auxiliares terão mais habilidade e mais pulso, evitando excessos que não são aceitáveis, mas também com mais disposição de construir soluções e não somente tentar contornar as dificuldades. Estamos querendo dizer claramente, e repetindo o que já foi dito nesse espaço, que não há como sustentar o tal realismo tarifário, mantendo a insanidade de alinhar os preços internos, para os derivados do petróleo, com aqueles ditados pela Opep.
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Não dá para os caminhoneiros pagar essa conta, ela não pode ser transferida às empresas e aos consumidores, além de não fazer qualquer sentido engolir a especulação que faz do petróleo uma espécie de arma.
Importa sim, saber quanto nos custa o petróleo e a este custo inicial embutir todos os demais que asseguram a sustentação do negócio. Essa é a conta verdadeira, aquela que possibilita a formação de preços em padrões adequados, mesmo que não seja essa a opinião de quem especula. Sem que seja aceito este princípio elementar as soluções ficam fora de alcance, assim como os riscos que todos correremos,
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