Opinião

EDITORIAL | Menos política e mais acertos

EDITORIAL | Menos política e mais acertos
Crédito: REUTERS/Adriano Machado

No Brasil, na semana que termina, a temperatura subiu bem próximo da fervura, evidenciando que, além de lidar com graves questões de saúde pública, num nível até então desconhecido, o País enfrenta dilemas não menos impactantes nos campos da política, da gestão pública e da economia.

Pior, revê-la despreparado para compreendê-los e menos ainda para enfrentá-los, fazendo de questões que deveriam estar promovendo união, entendimento e soma de esforços, exatamente o contrário enquanto o coronavírus avança, a economia permanece congelada e ninguém, com um mínimo de precisão, saberá dizer por quanto tempo e em que condições será possível resistir nas duas frentes.

Enquanto isso, da área médica, de forma quase unânime e envolvendo nomes de absoluta credibilidade, as ponderações são de que o isolamento continua sendo a única forma eficaz contra a contaminação, evitando-se por todas as formas que a situação chegue a um ponto que o sistema de saúde não seja capaz de suportar.

Esta é a linha também do competente ministro Mandetta, da Saúde, enquanto seu chefe, o presidente da República, insiste que a economia do País não tem como resistir à paralisação, que continua apontando como descabido exagero. De um ou de outro lado, a grande questão está em determinar até que ponto e por quanto tempo será possível resistir, sendo certo que a questão não pode continuar sendo tratada aos solavancos ou como resposta apenas a conveniências ou ambições políticas.

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Empresários já se fizeram ouvir e quase sempre para externar grandes preocupações como o fato de que estudos internacionais apontam que, na média, um negócio pode resistir entre um mínimo de 16 dias e um máximo de 45 dias à interrupção de seu fluxo de caixa.

São parâmetros médios internacionais e, pode-se imaginar, deixando as empresas brasileiras em condição ainda pior. Para além, fatalmente, fica a perda de empregos, de renda e de consumo numa proporção avassaladora, o que já fez alguém lembrar o risco concreto de que o remédio se transforme em veneno.

Reunidos os argumentos dos que pensam de uma ou de outra forma parece não existir opção.

E de fato não existirá, com o barco em que todos estamos ficando à deriva, se antes não houver claro entendimento que não estamos diante de dilemas e escolhas políticas, mas sim de desafios que se não forem contidos e superados com união e inteligência e decisões assertivas a todos atingirá igualmente, restando talvez apenas determinar, num país devastado, em que os sobreviventes estarão todos igualados pela miséria, qual foi, afinal, o principal culpado.

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