Opinião

[EDITORIAL] O lugar da Petrobras

[EDITORIAL] O lugar da Petrobras

O novo presidente da Petrobras, Roberto Castelo Branco, tomou posse anunciando que enxerga um futuro de sucesso para a empresa, prometendo aumentar investimentos na produção de petróleo em águas profundas, crescendo em eficiência e produtividade. Para ele, é mais importante que a Petrobras seja forte do que seja grande. Sobre as primeiras considerações do novo presidente, um nome respeitado, cabe também assinalar suas referências à política de preços da empresa, que continuará alinhada ao mercado internacional, sem espaço para subsídios.

São questões que merecem melhor consideração e, sobretudo, sobre as injunções que comandam os preços do petróleo no planeta e onde a lógica do mercado é pouco perceptível enquanto sobram evidências de que existe manipulação, ditada por razões econômicas e políticas, todos eles distantes dos interesses locais. Eis a compreensão fundamental para que sejam traçadas políticas e estratégias que, efetivamente, respondam aos interesses do Brasil e dos brasileiros. O alinhamento automático por certo aponta para outra direção, conforme ficou evidente na greve dos caminhoneiros em maio do ano passado.

É evidente que a Petrobras deve ser fortalecida e os preços praticados devem alcançar este objetivo, cobrindo custos e assegurando margem para expansão e investimentos. Tão elementar quanto saber o custo da extração de cada barril de petróleo e a soma de despesas com refino e distribuição até a entrega, incluindo os tributos que, cabe assinalar, são reconhecidamente desproporcionais. De qualquer forma, nada que guarde relação direta e objetiva com os preços cartelizados e aplicados, na ponta do consumo, exclusivamente onde não se dispõe de produção própria.

Fora desse contexto e dessa lógica deixam de fazer sentido o tempo e os recursos consumidos na prospecção e extração de óleo em águas profundas, cujos resultados estão, ou deveriam estar diretamente associados à soberania nacional. Deixa de fazer sentido a própria existência da Petrobras, que também erra ao descuidar da área de refino, gerando um desequilíbrio que igualmente não faz sentido. O País é capaz de produzir petróleo em quantidade suficiente para atender às suas necessidades, mas é incapaz de refiná-lo nas quantidades adequadas, tornando-se dependentes de importações e, nessa medida, também dos preços cartelizados. Mesmo que se deva registrar que apenas no último mês do ano o preço do barril no mercado internacional tenha caído de U$ 80 para U$ 50.

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É o conhecimento e compreensão dessa realidade, bem como a consciência de suas implicações, que devem ditar as políticas da Petrobras, em sintonia com aquilo que de fato mais interessa ao País.

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