[EDITORIAL] O problema e a solução
É bem provável que o governador Romeu Zema não tenha precisado de todo o mês de janeiro para entender as diferenças entre a administração pública, em que é neófito, e a gestão privada, onde acumulou uma bem-sucedida experiência de trinta anos. Afinal, não deve ser nada fácil escolher entre mandar fazer os repasses às prefeituras municipais, que vivem situação de virtual penúria, ou reduzir os atrasos relativos à folha de pagamentos. Uma espécie de escolha de Sofia, duas entre muitas decisões amargas que estão na sua mesa.
Minas Gerais, conforme avaliação do próprio governador, é entre os estados brasileiros o que enfrenta a situação financeira mais difícil. Para o corrente ano, se nada for feito e rapidamente, um déficit que poderá chegar aos trinta bilhões, ou quase três vezes mais do que se imaginava ate o final do ano passado. Apenas a folha de pagamentos de ativos e inativos estaria consumindo, segundo cálculos que não foram desmentidos, 80% do Orçamento, numa espécie de corrida em que está na frente do aumento da arrecadação, da inflação e do crescimento do Produto Interno Bruto.
Evidentemente que não poderia dar certo e faria muito bem às instituições apontar, sem medo de acertar o alvo, seja ele qual for, onde e quando tais desvios começaram e porque chegaram ao ponto atual.
O governador Zema, o único de seu partido e dessa forma uma espécie de vitrine, faria muito bem à causa e à sua própria biografia se não poupasse esforços neste diagnóstico, assim como na sua exaustiva divulgação. Afinal, temos todos o direito de saber como e porque Minas Gerais, tantas vezes apontado como exemplo de boa gestão no País, viu-se reduzido a uma situação que alguns apontam como de virtual insolvência. É preciso ter em conta igualmente que o diagnóstico, pelo que dele já é sabido, identifica, essencialmente, o problema do inchaço da máquina pública, fazendo lembrar a curiosa imagem utilizada pelo então candidato, hoje governador, quando disse que em Minas o carrapato havia ficado maior que a vaca.
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Em outras palavras, o problema apontado faz com que se enxergue mais facilmente a solução, ficando suficientemente claro que a situação atual não pode ser suportada diante do risco iminente de que os recursos do Estado não bastem para atender às despesas essenciais, o que supõe riscos que precisam ser afastados a qualquer custo. Eis a tarefa que deve estar tirando o sono do governador Zema e cuja execução implica, sobretudo, coragem para alcançar as corporações cujos interesses serão fatalmente contrariados como resultado da radiografia a ser feita e da terapia que se revelará impositiva, por mais amarga que possa parecer.
Certo é que Minas Gerais não pode continuar refém dessa situação, sem chance de recuperar seu natural e devido protagonismo.
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