EDITORIAL | Oxigênio para as empresas

A situação em que se encontram o Brasil e os brasileiros nos aproxima da expressão popular segundo a qual “se ficar o bicho come e se correr o bicho pega”.
Falamos da pandemia, que no entendimento dos especialistas atingirá seu pico em meados do próximo mês, falamos do dito isolamento social que paralisa as atividades econômicas há um mês, falamos dos que já sucumbiram nesse processo e daqueles empresários e trabalhadores que igualmente não terão como resistir por muito tempo mais.
E poderíamos falar do dilema de proteger vidas, mesmo correndo o risco de que adiante elas se transformem em bocas famintas, sem trabalho e sem sustento numa economia destroçada.
Nesse quadro ainda de absoluta imprevisibilidade e agravado pela falta de sintonia no plano da administração pública, promovendo desentendimentos num momento em que a coesão é ainda mais necessária, o presidente da República afirma que suas preocupações estão absolutamente centradas na tarefa de deter a pandemia e salvar vidas.
Porém, suas responsabilidades o obrigam a considerar também a situação da economia e a possibilidade de que o desemprego assuma proporções incontroláveis.
Curiosamente, e no delicado momento em que anunciava, em visível constrangimento, a intempestiva substituição do ministro da Saúde, o presidente falou da necessidade de proteger empregados, talvez esquecido de que estes não existem se não houver empregadores.
É preciso lembrar que a diferença entre empresas muito pequenas ou muito grandes talvez seja apenas o tempo que serão capazes de resistir a uma situação para a qual não existem previsões e a promessas que não se cumprem.
Por exemplo, e para ficar num único, a oferta de crédito que parece continuar obedecendo ao princípio segundo o qual ele só está verdadeiramente disponível para quem for capaz de comprovar, documentadamente, que não precisa dele.
O dilema proposto no início desse comentário positivamente não é de fácil resposta e dela ficamos mais distantes por conta justamente da falta de estratégias, de foco e de agilidade, convergentes no objetivo comum que o presidente da República aponta.
Salvar vidas e salvar empregos, salvando negócios também. Talvez falte lembrar que, como as vítimas do coronavírus, também as empresas, os negócios em geral, independente de seu porte, dependem do oxigênio que começa a faltar.
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