EDITORIAL | Promessas esquecidas
Estudos patrocinados por sindicatos ligados às empresas de transporte rodoviário indicam que 60% das rodovias brasileiras, consideradas as que têm pavimentação asfáltica, estão em condições inadequadas de uso. Uma situação que compromete a segurança e eleva custos, afetando todas as cadeias de produção, a competitividade e os custos finais. E nada que pareça ter solução à vista, posto que os investimentos em manutenção da malha rodoviária estão congelados, situação que implica também em deterioração do patrimônio público. Nessa direção, más notícias para Minas Gerais, principal entroncamento rodoviário no País e Estado com a maior malha rodoviária. Primeiro, cortes nas verbas de reforma da BR-367, em trecho no Vale do Jequitinhonha, uma das regiões mais pobres e carentes no País, e suspensão de recursos para a revitalização do Anel Rodoviário de Belo Horizonte, ponto crítico para a mobilidade na região metropolitana. Do Rodoanel, que a estas alturas já deveria estar com as obras em andamento, já nem se fala mais. Igual sorte parece reservada à duplicação da BR-381, no trecho entre Belo Horizonte e o Vale do Aço. Apesar das promessas que nunca faltaram, a duplicação, que já deveria estar concluída, está praticamente paralisada desde 2015 e as previsões de que poderiam ser retomadas no próximo ano estão descartadas. Este ano nenhum recurso foi liberado e na semana passada a Presidência da República enviou ao Congresso Nacional pedido de cancelamento da dotação de R$ 51 milhões, que deveria ser liberada no decorrer de 2018 e destinada à continuação da duplicação da rodovia, no trecho entre Belo Horizonte e Governador Valadares. O trecho em questão, por razões que são altoexplicativas, é mais conhecido como “Rodovia da Morte”. O aperto é geral, mandam dizer burocratas e políticos de Brasília, mas com relação a Minas Gerais, e não é de agora, a situação parece ser pior, com um descaso que a situação das obras apontadas nesse comentário ilustra muito bem. E tudo isso, para piorar, sem que políticos mineiros, especialmente a bancada parlamentar em Brasília, que tanto tem ajudado a suportar o governo Temer, seja capaz de atuar de forma mais decisiva em socorro ao Estado e seus interesses mais imediatos. Minas não reage e acaba perdendo sistematicamente, num desprestígio que tem sido evidente nos últimos anos. Nos casos da revitalização do Anel Rodoviário e do Rodoanel, bem como da duplicação da BR-381, estamos falando de situações reconhecidas como de emergência e alta prioridade faz tempo. Ainda assim nada acontece, os mineiros não reclamam e não cobram com a contundência necessária e a estas alturas o Planalto não se dá ao trabalho nem mesmo de explicar o que está acontecendo.
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