Opinião

EDITORIAL | Saúvas que nos atacam

EDITORIAL | Saúvas que nos atacam
Crédito: Pixabay

Falou-se muito, nos últimos anos, em corrupção no Brasil, que chegou a ser vista e apontada como a causa de todos os nossos males. Mais próximos da verdade estarão aqueles que entenderem que o tema foi usado como pretexto, assim como já ocorrera em outras ocasiões no passado, como já foi dito e repetido nesse espaço, muito mais por interesse que propriamente por virtude.

Falou-se muito de corrupção, ou como prefere a maioria, de roubo, de assalto aos cofres públicos, o que no geral infelizmente muito de aproxima da verdade e pouco do sequestro de recursos públicos, de forma absolutamente legal, embora distante de mínimos padrões éticos, com o Estado brasileiro transformado em vítima daqueles que deveriam ser os primeiros a defendê-lo e impondo ao Tesouro obrigações que não têm como ser sustentadas ao longo do tempo.

Estamos falando dos privilégios e vantagens reservados às castas que controlam o Estado, estamos mirando vereadores perdidos nos confins da Amazônia, mas que viajam à custa da miséria dos seus representados a pontos turísticos no País ou até no exterior, para fazerem cursos que são apenas pretextos para passeios. Estamos falando de parlamentares cujas despesas com saúde, sua e de familiares, não têm limites e são bancadas pelo contribuinte, falamos de casais, ambos magistrados, que recebem em dobro o auxílio-moradia.

E poderíamos falar, chegando a um exemplo mais recente, de deputados estaduais do Paraná que poderão receber diárias de hospedagem, mesmo que se encontrem na cidade onde moram e possuem residência.

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Tudo isso continua a acontecer, faz parte do cotidiano e ao longo do tempo, se consideradas também as pequenas regalias – às vezes nem tão pequenas – ofertadas a funcionários de menor escalão ou as verbas de gabinete, como se viu às vezes em parte devolvidas ao dono do próprio gabinete, quando não distribuídas a parentes, estes sem obrigação sequer de comparecer ao local de trabalho.

Foi assim, na realidade, que se cavou o buraco no qual o País afundou e sobre o qual não existem sinais de esforços robustos, consistentes, para saná-los. Tudo afinal faz parte do jogo político, de regras imutáveis porque seu controle está nas mãos justamente dos principais beneficiários.

Para concluir, no conjunto e somados os grandes e os pequenos, uma corrupção branca, talvez não aceita de todo mas falsamente entendida como parte da regra do jogo, ainda que tire o País do prumo.

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