Opinião

EDITORIAL | Votar e acertar, a única chance

Enquanto as candidaturas vão sendo definidas, num clima de festa que soa inconveniente para as circunstâncias, sobram ainda muitas incertezas sobre quem, afinal, subirá a rampa do Palácio do Planalto no primeiro dia de 2019 para receber a faixa presidencial. A única certeza é que o escolhido, seja quem for, terá pela frente enorme desafio. Primeiro, o de fazer, ou pelo menos tentar, política de forma bem diferente, atendendo seus aliados e construindo a governabilidade sem concessões que poderão comprometer seu governo antes mesmo que ele comece. Segundo, e supondo que alguma mudança para melhor afinal aconteceu, este personagem transformado em síndico de uma herança indigesta – para não repetir a palavra mais utilizada nessas referências – terá que atacar, e desde o primeiro dia, o desequilíbrio das contas públicas, hoje estimado num déficit entre 150 bilhões e 160 bilhões de reais para o próximo exercício, montante que poderá ser muito maior caso as novas despesas ordenadas ao final do último semestre legislativo não sejam, como se espera, vetadas pelo presidente Michel Temer. Não existe mais tempo para protelar, tampouco estoque de mágicas capazes de produzir alguma ilusão. Trata-se, clara e objetivamente, de cortar despesas, de enfiar a faca do bom senso nas gorduras que na prática não pararam de aumentar, de acabar com mordomias que agridem o bom senso coletivo, com salários e vantagens despropositados e injustificados. Tudo, a estas alturas e como disse recentemente um conhecido empresário mineiro, para que o Estado finalmente volte a caber no produto interno brasileiro. Sem que se cumpra este exercício elementar, muito provavelmente no exercício de 2020 haverá um colapso capaz de paralisar serviços essenciais, aqueles mesmos, como nas áreas da saúde e da segurança, que já se encontram severamente comprometidos. Candidatos fazem promessas, pregam os olhos nas pesquisas para saber o que os eleitores querem ouvir, deixando no ar a impressão de que têm respostas e soluções para quase tudo. São quase mágicos. Se vencerem, tudo pode ser rapidamente esquecido ou adiado. No mundo real, até agora, tem sido assim e algumas alianças que vão sendo costuradas sugerem que os métodos não mudaram, portanto não mudarão também os resultados. Diferente mesmo só o fato gravíssimo de que a corda parece ter sido esticada ao seu limite. Dentro de pouco menos de três meses as urnas eletrônicas estarão sendo acionadas e os brasileiros escolherão seus novos legisladores e governantes. Só cabe esperar que os primeiros, eleitores, tenham total consciência da responsabilidade que naquele momento estará nas suas mãos.

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