Editorial

8 de janeiro: anistia seria convite a novos atentados à liberdade e à democracia

Definitivamente não é possível relativizar, tanto quanto não lograram sucesso as tentativas iniciais de atribuir os acontecimentos à atuação de “infiltrados” ou a falhas nos sistemas de segurança do então governo empossado
8 de janeiro: anistia seria convite a novos atentados à liberdade e à democracia
Crédito: Adriano Machado/Reuters

Os acontecimentos do dia 8 de janeiro de 2022 em Brasília não podem ser reduzidos ao resultado esperado de uma querela política, do acirramento de ânimos entre os dois grupos que dividiram o País ao meio. Este seria um reducionismo de conveniência e da mais alta periculosidade. Os distúrbios em Brasília, de proporções únicas em toda a história do País e culminando com invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, ganharam proporções institucionais, claríssima tentativa de ruptura da ordem, tudo num movimento bem ensaiado e claramente movido por ambições. Se não como resultado de interesses contrariados.

O entendimento do que se passou não pode ser medido apenas pelo balanço das depredações ocorridas ou pelo seu custo, muito menos e conforme tem ocorrido por pura e simples negação dos fatos. Com o extremo, já bem conhecido, de elementos que comprovadamente tiveram participação ativa e comprovada nas invasões e suas consequências afirmarem que estariam apenas se protegendo de bombas ou, ainda pior, tão somente num momento de oração pelos destinos do País. Inocentes úteis, sim, muitos deles, chamados a provocar a baderna que, na imaginação fértil mas distorcida dos articuladores do movimento, levaria a rebelião de proporções ainda maiores e, dessa forma, a uma intervenção militar. Pura e simplesmente, um canhestro golpe de Estado que só não prosperou porque faltou o esperado suporte nos altos escalões militares.

Tudo, cabe lembrar também, feito abertamente e às claras, sobretudo nos tais acampamentos nas portas de quartéis onde golpe militar era pedido abertamente, quando não exigido como manifestação do mais esdrúxulo patriotismo. Definitivamente não é possível relativizar, tanto quanto não lograram sucesso as tentativas iniciais de atribuir os acontecimentos à atuação de “infiltrados” ou a falhas nos sistemas de segurança que teriam acontecido por conta da conivência do governo recém-empossado. A verdade que desde sempre saltou aos olhos vai aos poucos sendo confirmada pelos inquéritos e processos em andamento.

Resumindo e para concluir, não existe espaço para qualquer outro tipo de raciocínio, para relativizar a atuação dos implicados, muito menos para oferecer-lhes algum tipo de anistia, conforme movimentos ensaiados na Câmara dos Deputados e em outras esferas. O que aconteceu no dia 8 de janeiro não pode ser esquecido, tampouco relativizado. Os autores, principalmente os mentores ainda não alcançados, sob devido processo legal, deverão responder pelos seus atos. Não cabe esquecimento que seria na verdade convite a novos atentados à liberdade e à democracia.

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