Editorial

Ataques à democracia assombram a consciência cívica dos bons brasileiros

Recentes episódios se somam a outras frustradas tentativas de atentar contra a democracia brasileira
Ataques à democracia assombram a consciência cívica dos bons brasileiros
Crédito: RS/Fotos Públicas

Fatos que vieram à luz na semana passada, em sequência a mais uma esdrúxula tentativa de atentado na Praça dos Três Poderes, em Brasília, assombram a consciência cívica dos bons brasileiros, a maioria que continua a acreditar que liberdade e democracia são valores que absolutamente não devem ser dissociados da vida nacional. Sobre os novos fatos, de pronto é preciso lembrar que eles completam o desenho macabro dos acontecimentos do dia 8 de janeiro de 2023, apagando definitivamente tentativas de associá-los a algo como mera explosão de descontentamento popular, ações isoladas e até inocentes.

Sabe-se agora que, nos cálculos felizmente muito malfeitos dos golpistas, a invasão da Praça dos Três Poderes e ocupação das sedes do Executivo, Legislativo e Judiciário, deveria ter sido apenas a cartada final para consumação do golpe. A ação decisiva na realidade seria, conforme apurado em investigações e inquérito da Polícia Federal, os assassinatos do presidente e do vice-presidente eleitos, que teria produzido um vácuo a ser ocupado pelos delinquentes que não pretendiam aceitar a normalidade democrática, a alternância de poder. À frente da sinistra empreitada militares de alto escalão, cujos passos foram agora meticulosamente reconstruídos. Nada, absolutamente nada, que permita dizer, como foi feito agora, que apenas (?) planejar a morte de alguém não pode ser considerado crime.

Qualquer entendimento objetivo e sério conduzirá à direção oposta. Para em primeiro lugar sepultar, como de fato já aconteceu, aberrantes propostas de anistia não apenas para os participantes diretos da invasão da Praça dos Três Poderes, mas sobretudo para os articuladores e patrocinadores de acontecimentos que não podem ser esquecidos e autores de delitos que merecem punição exemplar. Assim, concluídas investigações e inquéritos ainda em andamento, é necessário, face à extrema gravidade dos delitos cometidos, que sejam instruídos os devidos processos, tudo culminando, com transparência, agilidade e o mais estrito respeito à legalidade em condenações que além de exemplares representem também o fim de aventuras como as que acabam de chegar ao conhecimento dos brasileiros. Quem sabe para nos ajudar também na igualmente urgente tarefa de reencontrar os caminhos da razão e do entendimento fundado no respeito.

Uma vez alcançado estes objetivos, será então possível dizer que, afinal, caminhamos todos sob o fio da navalha, mas fomos capazes de aprender a lição e devolver a democracia brasileira ao seu devido lugar.

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