Editorial

A lição da democracia: ataques à soberania brasileira não podem ser apoiados pela população

Uma guerrilha de insanidades vem tomando das redes sociais nos últimos meses
A lição da democracia: ataques à soberania brasileira não podem ser apoiados pela população
Crédito: Adobe Stock

Se escapa à razão e ao bom entendimento os ataques continuados à soberania brasileira patrocinados por país estrangeiro, menos compreensível ainda é que tais movimentos tenham apoio de parcela da população local. E tudo, talvez, apenas para fazer lembrar lúcida observação do escritor Nelson Rodrigues que apontava, nos distantes anos 50 do século passado, a existência entre nós de gente com “complexo de vira-latas”. De fato, não pode ser outra coisa sobretudo porque essa guerrilha de insanidades tem sido multiplicada quase ao infinito pelas redes sociais. Para distorcer, propositadamente, a realidade e produzir medo, tentando fazer que parte seja confundida com o todo. Ou sugerir que tropas estrangeiras possam estar a ponto de desembarcar no país, tudo isso com pleno conhecimento e apoio do mundo dito civilizado. Porque aceitável e perfeitamente natural.

A própria imprensa dos Estados Unidos, notadamente veículos de maior porte e credibilidade como o “The New York Times” e o “Washington Post”, tem cuidado de apontar os equívocos e impropriedades que vêm sendo cometidos, começando pelas mentirosas declarações de que seriam deficitárias, para os Estados Unidos, as relações de comércio com o Brasil, terminando com a todos os títulos inapropriadas acusações de que haveria perseguição política e não observância, simplesmente, do devido processo legal nas ações em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) e destinadas a identificar e punir responsáveis pela tentativa de golpe em sequência às eleições de 2022.

A realidade objetiva, os fatos conhecidos e devidamente comprovados, vão noutra direção, o que certamente deixa mal os acusadores e não os acusados nessa tragicomédia em que o que menos importa é a verdade. Algo que ficou ainda mais claro depois que a respeitada revista britânica “The Economist”, mesmo que assumidamente nada simpática ao atual governo brasileiro, publicou reportagem em que colocou as coisas em seus devidos lugares. Para concluir que, ao processar e julgar o ex-presidente Bolsonaro, o Brasil, obedecido todo o rito legal, na realidade está oferecendo “uma lição de democracia para a América que está se tornando mais corrupta, protecionista e autoritária”. Referência objetiva à tentativa de invasão do Capitólio em Washington, que não produziu consequências e não impediu a reeleição de Trump, e sua inevitável comparação com acontecimentos posteriores no Brasil, que guardam forte semelhança porém com um desfecho oposto. Bolsonaro já foi apontado como inelegível e, tudo faz crer, está muito próximo da condenação junto com seus principais apoiadores.

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