Barreiras a superar

Diante das pressões que encontra sua face mais visível, além de incômoda, na figura do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, o presidente Lula promete desencadear nova ofensiva visando pelo menos aplainar desentendimentos com parlamentares. Ou, se possível, tentar reduzir o apetite daqueles que continuam acreditando que na política é dando que se recebe. Uma empreitada, podemos antecipar, de resultados altamente improváveis nas condições que se apresentam, em que interesses das partes parecem ser a única questão em jogo. Tudo isso num despudor que não conhece constrangimentos e muito menos limites.
São maus hábitos que certamente não serão varridos de Brasília – e se reproduzem também nos rincões – com entendimento a partir do diálogo tal como volta a ser sugerido. Imaginar que em bases estritamente políticas seja possível recolocar o trem nos trilhos continua sendo algo bem mais próximo da fantasia que da realidade. E o movimento proposto a partir do Planalto fica mais próximo de mais uma tentativa de empurrar com a barriga, prorrogando assim a agonia daqueles que entendem que a pauta mais importante continua sendo a que diz respeito aos interesses públicos. E, por consequência, bem distante do que pensam e fazem os atores que estão no palco dessa comédia, ou tragédia, de erros que se repetem e vão sendo perpetuados.
O caminho para que as coisas possam, adiante, ser recolocadas nos seus devidos lugares é rota única, a da reforma política, assunto que chegou a ser dado como o mais importante para o País, mas foi posto de lado, depois de discussões que já consumiram pelo menos duas ou três décadas. O tempo perdido significa também oportunidades perdidas e riscos potencializados, tudo isso com prejuízos que não há como aferir adequadamente. Cabe sim, caberá sempre, refletir a respeito até que sejam enxergados, e desnudados, os elementos que fazem da paralisia uma espécie de escudo. Para preservação e proteção de interesses que claramente não são aqueles que dizem respeito ao conjunto da população brasileira.
Eis porque nessa toada ficam distantes mudanças impositivas, aquelas capazes de consolidar o sistema político, a governabilidade e a gestão pública, fundada em projeto conhecido, consolidado e consensual.
Vale dizer, o caminho também único para que o Brasil seja afinal capaz de romper a barreira do atraso.
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