Brasil fora do mapa da fome: é preciso aprender e fazer mais

Mesmo diante das incertezas que marcam o tempo presente, especialmente no plano das relações internacionais e com amplos reflexos negativos na economia e nos negócios, a Organização das Nações Unidas (ONU) abre espaços para registrar um feito notável, de grande significado para o Brasil. Trata-se do anúncio da FAO, Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, de que o País foi retirado do mapa da fome, o que significa que a parcela da população sob risco de falta de acesso a alimentação adequada, está abaixo dos 2,5%, considerados dados avaliados entre os anos de 2022 e 2024. O relatório sobre o estado da segurança alimentar e nutricional no mundo foi apresentado na Etiópia, coincidindo com a realização, naquele país, da Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU.
São avanços a celebrar ainda que diante da informação de que a fome no mundo atinge mais de 700 milhões de indivíduos e que pelo menos 35 milhões de brasileiros ainda permanecem em situação definida como de insegurança alimentar. Portanto, também desafios a enfrentar recomendando sensibilidade e mais empenho nas ações voltadas para elevação da renda ou redução das desigualdades. E lembrando, conforme também recentemente divulgado, que a simples eliminação do desperdício de alimentos, com perdas que ocorrem a partir da colheita, passam pelo armazenamento e se completam nos processos de elaboração industrial ou individual, seria o bastante para zerar a fome no mundo.
E são contas de significado muito relevante especialmente para o Brasil, onde estima-se que o desperdício e as perdas variadas correspondam a pelo menos 30% do total produzido. Também neste caso o bastante para zerar a fome ou, mais, amealhar excedentes mesmo depois de garantido a todos os indivíduos acesso à ração alimentar diária, conforme os padrões recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Não apenas é possível como pode ser bem mais fácil do que a maioria imagina.
Conhecer a realidade, compreender o que se passa e a exata dimensão do problema a ser enfrentado representa o primeiro passo na direção certa, algo que tem muito a ver com o Brasil. Seja porque o País figura entre os maiores produtores de alimentos no planeta, já tendo alcançado a liderança em posições tão importantes quando a produção de proteínas animais, seja porque persiste o desafio de garantir a todos os brasileiros alimentação satisfatória.
Comemorar agora, sim, com alívio, mas igualmente com o sentido do necessário aprendizado.
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