Editorial

Cuidados elementares nas eleições deveriam existir para que candidatos alcancem patamares mais altos

Boatos sobre a entrada de Gusttavo Lima na corrida presidencial em 2026 virou pauta na política
Cuidados elementares nas eleições deveriam existir para que candidatos alcancem patamares mais altos
Foto: Instagram @gusttavolima Reprodução

Festas de fim de ano, recesso parlamentar e férias de verão em muito contribuem para afastar a política dos holofotes e não seria diferente neste início de 2025 não fosse por conta da revelação da disposição de um cantor sertanejo de se lançar à corrida presidencial em 2026. O artista, tido como dono da maior popularidade entre seus pares no momento, se declara preocupado com a situação do País e, assim, disposto a “ajudar” se convocado. Nada que não tenha sido visto antes, o que se repete também com a imediata reação de alguns partidos políticos, todos eles empenhados em transformar popularidade em votos, além de algum ciúme de quem considerou traição a revelação das ambições do artista.

Nada, afinal, poderia impedir que seja consumada a tentação de transformar popularidade, sem que importe exatamente de onde ou como ela venha, em votos. Mesmo assim caberia, ainda que meramente retórico, algum exercício de bom senso ou de simples observação. O artista, que agora promete eventualmente se apresentar e que só com este movimento conseguiu agitar o meio político, sem modéstia disse também que deseja colocar seu “conhecimento” em benefício de um projeto para unir a população, tudo sem “essa história de esquerda ou de direita”. Na eleição passada, em 2022, apoiou Jair Bolsonaro e nas eleições municipais do ano passado estava ao lado de Pablo Marçal em São Paulo. De sua biografia consta também indiciamento da Polícia Civil de Pernambuco em setembro de 2024, por suposto envolvimento em lavagem de dinheiro, possivelmente de apostas eletrônicas. Do assunto restou a informação de que o indiciamento foi anulado.

Não nos parece inapropriado esperar mais, na verdade muito mais, de alguém que se imagina capacitado a ocupar a cadeira presidencial. A história ou mais rasteiramente uma vista d’olhos, nos atuais ocupantes do Congresso Nacional recomendaria, e enfaticamente, mais atenção para os malefícios da troca de popularidade por votos, fenômeno potencialmente amplificado pelos aparatos eletrônicos de comunicação. Quem sabe, e como também alguém já teve o cuidado de assinalar, simplesmente lembrar que para ingressar no serviço público o interessado deve apresentar currículo bem fornido e, mais, só alcançará a estabilidade se devidamente aprovado em concurso.

Cuidados elementares que, por óbvio, poderiam, ou deveriam, valer também para quem pretenda subir a patamares mais altos, por suposto democraticamente reservados aos melhores entre os melhores.

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