A ‘ditadura da toga’ e a consagração da impunidade

O Congresso Nacional anda agitado por conta de manobras que, absolutamente distanciadas de tudo aquilo que se possa entender com interesse público, miram objetivos muitíssimo particulares. São movimentos essencialmente destinados a consagrar a impunidade, colocando parlamentares – e independentemente de suas preferências ou conveniências ideológicas – acima e além dos procedimentos ditos legais, mesmo que em muitos casos devessem, pura e simplesmente, ser conduzidos à delegacia de polícia mais próxima. Eis porque, e sem qualquer laivo de pudor, muitos dos senhores parlamentares, buscando amparo nas mais esfarrapadas desculpas, como alegar que o Legislativo estaria sendo desrespeitado e assim comprometido o necessário equilíbrio entre poderes, se ocupam presentemente em derrubar as frágeis barreiras de contenção que ainda resistem.
E tendo como alvo, evidentemente, o Judiciário, especificamente o Supremo Tribunal Federal (STF), que procuram a todo custo desqualificar, se não demonizar, chegando ao extremo de apontar a existência no País de uma “ditadura de toga”. Nada que objetivamente possa resistir a qualquer análise objetiva e simples exame dos fatos. Precisamente como vem acontecendo com relação às chamadas emendas parlamentares, especialmente aquelas que receberam o apelido de “emendas Pix”, que só no presente exercício deveriam ser o sorvedouro de mais que R$ 7 bilhões.
Dinheiro, e muito dinheiro, que fatalmente se perderia na confusão propositada e que não teve continuidade precisamente porque barrada pelo Judiciário. Apenas uma parte da questão, cabendo recordar que as liberações consumadas representam valores bem maiores, efetivamente liberados embora em muitos casos de destino tão incerto quanto duvidoso. Roupa suja que o ministro Flavio Dino promete lavar, dando sequência, simplesmente, a investigações que vem sendo feitas pela Polícia Federal.
Em Brasília há quem aponte que possa estar em jogo a sorte de pelo menos 3 centenas de parlamentares.
Desclassificar todo o processo, esquecer os fatos para carregar nas tintas da existência da tal ditadura de toga, pode ser a saída e não são poucos os que atuam com tal objetivo. Sem prejuízo da corrida, aí sim, em regime de urgência urgentíssima, para criar barreiras que, se consumadas, mais uma vez com auxílio de distorções e mentiras representariam a consagração da impunidade, desnudando também aqueles que ainda se dizem preocupados com os avanços da corrupção no País.
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