Editorial

Espetáculo de horror

Espetáculo de horror
Crédito: Reprodução

Faz uma semana que o ministro Alexandre de Moraes decidiu suspender o sigilo que protegia o conteúdo da gravação de reunião ministerial realizada em Brasília, no dia 5 de julho de 2022. Da ocasião, presentes 18 ministros, militares de alto escalão e graduados auxiliares da Presidência foram retirados elementos probatórios que justificaram operação deflagrada pela Polícia Federal no dia 8 passado, data que, como o 8 de janeiro de 2023, parece já ter lugar reservado na história do País.

O que foi revelado é um inacreditável espetáculo de horrores, a começar do palavreado utilizado pelo então presidente da República e alguns de seus graduados interlocutores na ocasião. Decoro, e em nenhum sentido, pode ser percebido na ocasião em que, depois de reconhecer não ter chances de se eleger pelo voto, Jair Bolsonaro diz que seria preciso lançar mão de um plano B, para o que contava com a adesão dos presentes.

Recomendou também intensificar a campanha para desacreditar o sistema eleitoral, mesmo informado da inexistência de provas que justificassem a empreitada, propondo assim, alto e bom som, uma campanha ativa de desinformação com participação direta do mais alto escalão do governo. “Vou entrar em campo”, assegurou, enquanto um de seus ministros dizia que “dar um murro na mesa” ou mesmo “virar a mesa” era tarefa que deveria anteceder a votação.

Falou-se, enfim, de fraudes que nunca existiram, de acusações infundadas e jamais comprovadas, tudo isso para criar um clima em que pudesse prosperar o que enxergavam candidamente como tomada de atitude. Com todas as letras, já que, segundo o presidente, “a guerra não poderia mais ser de papel e caneta”, discutiu-se abertamente um golpe de estado, ideia que só não prosperou porque, felizmente, não encontrou acolhida nas Forças Armadas. Tudo, conforme está gravado e não se pode desmentir, com elementos para imputação de todos os presentes por ação ou omissão.

Absolutamente não há como atenuar o que está documentado e agora é preciso concluir os inquéritos que instruirão os processos pertinentes. Com rigor e cuidados absolutos para que não surjam, adiante, percalços que sugiram nulidade. À mais absoluta falta de argumentos, sem que possam dizer que estejam sendo perseguidos, muito menos que são inocentes, é o que resta aos acusados, inclusive ao ex-presidente da República, cujos advogados já apontam arbitrariedades na conduta do Supremo Tribunal Federal (STF), que não teria competência para agir como está agindo. Eis porque daqui para frente todo cuidado e rigor processual passam a ser vitais.

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