‘Fenômeno’ Pablo Marçal acende alerta para os riscos que o sistema político corre

A eleição municipal de 2024, e independentemente do que ainda possa acontecer onde haverá votação em segundo turno ainda por ser realizada, produziu como fato mais relevante o comportamento de um dos candidatos à Prefeitura de São Paulo. Trata-se de Pablo Marçal, figura um tanto controvertida, que durante algum tempo apareceu à frente nas pesquisas de opinião, num crescimento meteórico, mas arrefecido na reta final. Acabou em terceiro lugar e, portanto, fora do segundo turno.
O candidato, que anteriormente concorreu, com êxito, a uma cadeira na Assembleia Legislativa paulista, mas não foi diplomado por decisão da Justiça Eleitoral, conseguiu espaço e os holofotes da mídia por conta de um comportamento que também lhe conferiu dimensão nacional. Chegou a ser rotulado como o mais novo fenômeno político do País, possível candidato às eleições presidenciais de 2026, ambição por ele mesmo confirmada em mais de uma oportunidade. Eis o ponto que continua a merecer máxima atenção, ainda que o candidato corra o risco de vir a ser declarado inelegível proximamente.
Durante toda a campanha, Marçal colecionou mais que meras excentricidades, abusos e transgressões que, na véspera da votação, culminaram com a apresentação de um laudo médico grosseiramente falsificado e que apontava outro candidato como usuário de drogas. A farsa não parou de pé sequer por um dia, mas suscitou reações que fazem crer que Marçal passou das medidas, o que, acreditam alguns analistas, pode custar-lhe, além do desempenho abaixo das expectativas na votação de domingo, o futuro no espaço da política. Ainda assim teria sido o último movimento em falso numa sucessão de controvérsias e abusos que não tem como passar despercebidos ou rotulados como próprios de campanhas eleitorais inflamadas.
Foi muitíssimo mais e, assim, os acontecimentos devem ser entendidos porque também ajudam a desmascarar impropriedades que têm como pano de fundo, como foi o caso, as redes sociais, capazes de transformar aventureiros em algo próximo de heróis nacionais. Tudo sem filtros e sem controles que necessariamente devem e precisam ser entendidos como cruciais à proteção da integridade da vida política. Não são fenômenos espontâneos e, sim, o resultado de abusos e distorções, mentiras e manobras que não deveriam escapar aos limites da legalidade, se não de elementar bom senso. Eis porque os acontecimentos em São Paulo não podem ser considerados como mero desvio e, sim, como advertência para os riscos que o sistema político corre e que precisam ser neutralizados.
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