Golpe no INSS mostra as entranhas da corrupção no Brasil

Mais uma operação da Polícia Federal em escala nacional, agora tendo como alvo o INSS, revela as entranhas da corrupção no País e ao mesmo tempo expõe a fragilidade dos sistemas de controle. Conforme já divulgado, foram identificadas fraudes em descontos sobre aposentadorias e pensões envolvendo entidades de suposta representação dos beneficiários. Está por ser esclarecido como exatamente os fraudadores conseguiram acesso aos processos de pagamento e como não foi percebido que pelo menos 92% das contribuições eram fraudadas, daí resultando um rombo estimado em R$ 6,3 bilhões nas contas dos beneficiários.
São pontos verdadeiramente obscuros e de qualquer forma de difícil compreensão, mesmo que venha a ser plenamente esclarecido o modus operandi da quadrilha, que, talvez certa da impunidade, permitiu-se ostentação de riqueza numa escala inédita mesmo para os férteis e imaginativos padrões locais. E incluindo até mesmo um automóvel Rolls Royce, além de Ferrari e Porsche, estes banalizados pela repetição, entre os mimos que se permitiram e que de pronto a Polícia Federal cuidou de recolher.
Na expectativa de que não faltem esclarecimentos sobre como e porque a alta administração do INSS assim como o Ministério da Previdência deixaram de perceber as proporções da pilhagem, é devido anotar neste caso em particular uma diferença. Pela primeira vez houve reação contundente e sem a repetição da arenga comum nestas ocasiões e segundo a qual “todos são inocentes até prova em contrário”. Verdade elementar, mas que não bastou para impedir imediata demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, sobre quem pesa no mínimo o pecado da omissão.
Para frente cabe esperar, e para além da punição dos culpados agora identificados, que seja percebida a natureza não raro duvidosa de associações ou até sindicatos criados justamente para se apropriarem das benesses do sistema. Cabe também assinalar que as investigações em andamento já identificaram dificuldades, da parte de aposentados e pensionistas, de acesso aos sistemas informatizados que deveriam oferecer-lhes de pronto informações precisas sobre, exatamente, descontos em seus proventos. Como regra, são mecanismos hostis, talvez concebidos exatamente para barrar incômodos como aposentados, contribuintes ou simplesmente cidadãos insatisfeitos.
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Sem vez e sem voz são eles precisamente que abriram as portas para a pilhagem agora identificada.
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