Editorial

Governo Lula: próximo da etapa final do mandato e longe do equilíbrio das contas públicas

Polêmica em torno das alíquotas do IOF é mais um episódio que coloca pressão sobre o atual governo
Governo Lula: próximo da etapa final do mandato e longe do equilíbrio das contas públicas
Foto: Marcelo Camargo | Agência Brasil

O presidente Lula vai se aproximando da etapa final de seu terceiro mandato sem condições de afirmar que tenha entregue tudo aquilo que prometeu ao longo da passada campanha eleitoral. E com destaque muitíssimo especial para o reequilíbrio das contas públicas, que prosseguem distantes do prometido ou do que foi incluído entre suas prioridades para o atual mandato, mesmo se considerada a herança da gestão anterior. Faltaram, em parte, condições políticas para decisões certamente amargas, mas parece claro que faltou vontade também.

Num primeiro momento e na inauguração do mandato, a ideia central tinha como fundamento a esperança de que o equilíbrio das contas viria naturalmente, por conta do crescimento da economia e de redução de perdas na arrecadação. Tudo com garantias exaustivamente repetidas de que em nenhum momento os bolsos dos contribuintes seriam ameaçados. Menos ênfase, na realidade quase nenhuma, mereceu o cuidado com despesas e sua efetiva redução, mesmo sendo amplo o reconhecimento de que o Estado brasileiro gasta muito e gasta mal. Na escala requerida, corte de despesas a rigor não chegou a ser nem mesmo cogitação, não pelo menos para a ala política do governo e ao custo de evidente constrangimento para parte da equipe econômica. Um tempo precioso foi assim consumido, perdido, enquanto providências defendidas com entusiasmo durante a campanha eleitoral foram sendo deixadas de lado, esquecidas por conveniências aparentemente mais urgentes.

Muito provavelmente não será exagero afirmar que manter a carteira aberta foi o preço pago pelo presidente Lula pelo apoio precário e fundado na conveniência. Para tudo culminar agora com o anúncio da elevação das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações de crédito, câmbio e seguros, com o assumido e explicitado objetivo de garantir um extra – que pode chegar a R$ 30 bilhões – na arrecadação e assim melhorar as contas públicas. E manobra, para completar, seguida de recuo, em parte, tão logo o mercado financeiro se mostrou contrariado. Para a banda que trabalha no pesado, gera empregos e produz, nenhum aceno, nenhum alívio, mesmo com a perspectiva de que tudo se resuma em mais dificuldades à frente.

Para o governo, que mais perto vai ficando da reta final, foi com certeza mais uma derrota. Ou mais um fardo difícil de carregar nas eleições que se aproximam, implicando cobranças para as quais não haverá respostas satisfatórias.

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