Editorial

Hora do basta!

É preciso acreditar que os brasileiros que foram às ruas estejam, finalmente, buscando um projeto para o Brasil.
Hora do basta!
Foto: Amanda Perobelli/Reuters

As manifestações do domingo (21) nas principais cidades brasileiras, ainda que não tenham tido a intensidade daquelas que desencadearam a campanha das “Diretas Já”, nos anos 80 do século passado, alcançaram plenamente seu objetivo. E com o claro, claríssimo, significado de um sonoro “Basta!” que os políticos brasileiros não têm como deixar de escutar e tomar muito a sério. O brado, para além dos temas específicos colocados por multidões em ruas e avenidas brasileiras, foi suficientemente eloquente para traduzir sentimentos que vão crescendo de intensidade e na mesma proporção em que políticos, em triste maioria, se afastam de seus mais elementares deveres e compromissos na mesma medida em que consolidam abusos que não podem mais ser tolerados, sequer relativizados.

Os brasileiros que se manifestaram, e que muito provavelmente não saíram em maior quantidade porque existe também certo cansaço com relação a manifestações que vêm sendo propostas quase aleatoriamente, ao sabor de conveniências muitíssimo particulares e assim caíram no vazio. Bom, de qualquer forma, que parcela expressiva tenha mantido o ânimo, melhor, a compreensão da relevância da convocação que pode e deve ser colocada acima e mais alto, sobretudo, que as costumeiras e assim desgastadas preferências fulanizadas. Algo que deve ser compreendido porque carrega significado da mais relevante importância, quem sabe apontando para o futuro, para a quebra de paradigmas de pobre conveniência. E para levar afinal ao entendimento de que não se está falando de preferências, nem mesmo de ideologias ou meras inclinações no espectro político. Cabe acreditar que os brasileiros que foram às ruas estivessem falando, ou desejassem falar, e finalmente, de um projeto para o Brasil. O que somos e o que desejamos ser, numa construção coletiva feita de objetivos permanentes, não mais de um ou de outro lado, de governos, quaisquer governos, e sim do Brasil, de todos os brasileiros.

Cabe esperar, cabe desejar e acreditar que este possa ter sido o verdadeiro pano de fundo das manifestações de domingo, livre de cores partidárias, plena das cores nacionais cujo resgate é também impositivo. Porque, e definitivamente, é mesmo impositivo dizer basta a toda sorte de oportunismo que se confunde com ambições que, além de impróprias, inconvenientes, nos têm roubado o futuro, nos fazem quase desacreditar nesta possibilidade, como se estivéssemos todos condenados ao obscurantismo.

Se estivermos afinal pelo menos nos aproximando desse rumo teremos todos, sim, razões para acreditar que toda a transformadora desencadeada na campanha das “Diretas Já” está sendo novamente mobilizada.

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