A maldição do petróleo

As reservas de petróleo já medidas e confirmadas existentes no Brasil, especialmente aquelas na área do pré-sal, colocam o País em posição de relevância no cenário mundial no que toca a essa commodity.
Oportunidade e ao mesmo tempo risco, bastando para melhor compreensão da realidade que seja conhecido o destino de alguns dos países donos das maiores reservas, da Venezuela, bem próxima, a países do Oriente Médio. Uma dita “maldição” que parece ter muito de real, havendo inclusive quem suspeite que possa ter ligação com os acontecimentos políticos que tanto perturbaram o País nos últimos anos, tendo como um dos eixos justamente a Petrobras e toda a chamada cadeia de óleo e gás.
São observações pertinentes diante de notícias chegadas de Brasília, dando conta da existência de um certo “incômodo” entre o presidente da República e a alta direção da Petrobras, tendo como pano de fundo o plano de investimento da estatal e seu orçamento quinquenal. “Precisamos de conteúdo local”, teria resumido o presidente enquanto chamava atenção para encomendas que seriam destinadas para o exterior, no mínimo gerando empregos lá fora e não aqui dentro. Já foi muito diferente e a indústria naval brasileira, que chegou a ter expressão global, virtualmente desapareceu no “mar de lama” de duvidosíssimas características em que a Petrobras foi atolada.
Se existiram erros, se existiu corrupção, que tudo seja esclarecido não para debilitar a empresa, mas sim para fortalecê-la, e a seus fornecedores igualmente, nunca o contrário. Bastaria seguir a pista dos grandes contratos, na casa dos bilhões de dólares, para saber de onde vem o oxigênio para manobras que na realidade negam os melhores interesses do País. E também sem a velha e falaciosa desculpa de que importar pode custar mais barato. Quem assim pensa que aprenda a fazer contas e a ser menos indulgente, sobretudo quando se verifica, como parece ser o caso agora, que as mesmas forças prosseguem livres e atuantes.
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Uma questão que antes de ser meramente econômica é estratégica. Independência, já vimos, não se resume a produzir mais que o consumido. É fundamental que todo o ciclo seja dominado, que sejamos capazes de extrair, refinar e entregar derivados na escala necessária e com total autonomia. De uma forma ou de outra, exatamente o que procuram fazer os países industrializados e com uma ferocidade que ate aqui não conheceu limites. Façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço, certamente recomendariam se pudessem.
Se o Brasil quer chegar ao futuro, então que trate de enxergar a realidade.
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