Editorial

A memória nos protege

A memória nos protege
Crédito: Adriano Machado/Reuters

Não falaremos de um candidato ou de outro, de preferências pessoais, que não cabe agora discutir e que dificultam, impedem, a visão e compreensão objetiva dos fatos. Estamos falando de uma aventura política sem precedentes na história do País e consumada há exato um ano, precisamente no dia 8 de janeiro de 2023. Estamos falando de algo que não pode ser esquecido nem relativizado, assim como todos aqueles que se envolveram na aventura felizmente desastrada não devem ser esquecidos sem que lhes caiba o peso legal, exemplar, do desatino que patrocinaram, com a devida punição.

Não estamos, absolutamente, nos dirigindo aos aventureiros, muitos dos quais, hoje acovardados, tentam negar os acontecimentos, enxergando injustiça ou abuso nas ações legais em andamento. Não merecem, sobretudo depois das frustradas tentativas de atribuir a barbárie da invasão das sedes do Legislativo, do Judiciário e do Executivo em Brasília à ação de “infiltrados”. São também covardes que não têm como negar toda a articulação golpista, de longa data evidenciada e com ênfase no questionamento da integridade do sistema de coleta e apuração de votos. Mais amplamente, do próprio sistema democrático, fingindo não perceber onde exatamente existe ou pode existir privação de liberdade e dos direitos elementares de cada indivíduo.

Entendemos que hoje é preciso falar aos brasileiros que continuam sendo os legítimos donos das cores da bandeira nacional, que são patriotas íntegros e não travestidos na ilusão da conveniência. Estes sabem muito bem das proporções das ameaças que ficaram estampadas nos acontecimentos de 8 de janeiro passado, como resultado de articulações e manobras que tinham por objetivo promover o caos e assim materializar a ilusão de um intervenção militar salvadora pelo menos de sua própria derrota. São os fatos, a realidade que não pode ser modificada, que nada tem a ver com preferências individuais, desde que evidentemente situadas no plano da legalidade e das instituições que, estas sim, estão acima de tudo e de todos.

Eis porque não é possível esquecer, nem mesmo relativizar os acontecimentos numa suposta indulgência que jamais aplacará a gravidade da desastrada aventura golpista. Bem ao contrário, é preciso lembrar, é preciso avançar para além da massa amorfa, em grande parte certamente iludida, até que possam ser alcançados e punidos os verdadeiros inspiradores e líderes do fracassado movimento que tinha as trevas como bandeira.

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