Polarização impede o Brasil de tratar questões centrais do País

Como que perdidos num labirinto e incapazes de escolher o caminho que leva à saída, os brasileiros deixaram de lado questões centrais que dizem respeito ao País e seu destino. O debate predominante parece engessado por uma polarização nada inteligente, ficando à margem o que interessa ou deveria interessar como um projeto para o País, permanente e acima de contingências políticas, construído em resposta à questão mais elementar: onde estamos e onde desejamos chegar. Para frente tudo no espaço político, no espaço público, nos negócios e até no plano individual seria consequência dessa resposta e, definitivamente, de verdadeiro projeto de construção nacional. Um projeto para o Brasil.
Nas circunstâncias que se apresentam, algo que parece fora de alcance ou até de propósito, porém reflexões que bem poderiam avivar assuntos adormecidos embora ainda no plano das urgências. Para lembrar que a redemocratização, com o mérito maior de devolver esperança aos brasileiros, foi apresentada como primeira etapa de um processo que se desdobraria, abrindo espaço para, especialmente, as então consideradas reformas estruturais. E envolvendo a organização do Estado, administração pública, o espaço da política, e a ordem econômica, neste campo para abraçar temas mais específicos como financiamento da previdência social, a organização do trabalho e o sistema tributário. E como uma síntese bem acabada da vontade coletiva.
Algo como uma reconstrução em grande escala para curar as feridas resultantes de pouco mais de duas décadas de supressão da democracia e abrir, escancarar, as avenidas que levariam o Brasil ao futuro. Tudo esquecido, tudo deixado de lado com resultado da combinação do imediatismo com a inconveniência para todos quantos tiravam e tiram proveito do status quo.
No preciso momento em que o País celebra 40 anos de estabilidade e democracia, suportando um sistema democrático, ainda imaturo, mas capaz de absorver choques como o impeachment de dois presidentes da República e, mais recentemente, cabal tentativa de golpe de estado, é interessante parar e pensar. Quanto menos para melhor compreender a procrastinação e os desvios tão claros quanto perceptíveis. Um esforço doído para lembrar, recordar, e assim retomar o prumo para a construção interrompida.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Ouça a rádio de Minas