Política brasileira está longe de princípios e valores para questões elementares

Quem acompanha os comentários publicados neste espaço conhece nossa avaliação sobre a cena política brasileira na atualidade. Muito mais do que enxergar que a política perdeu qualidade, afastada dos princípios e valores que lhe são inerentes, para afundar num jogo rasteiro, de interesses que não podem vir à luz. Ou num vácuo que deixa o País à deriva, realidade amplamente confirmada no triste episódio em que a ministra Marina Silva foi inquerida no Senado Federal, terminando por retirar-se diante da vilania dos ataques sofridos. A ministra, hoje possivelmente a brasileira de maior projeção e reconhecimento no exterior, repeliu o ataque com absoluta dignidade, certamente crescendo em reconhecimento e admiração, enquanto seus detratores despiram por completo compostura e dignidade que não deveriam faltar.

Perde-se, dessa forma, oportunidade de debater a sério questões ambientais que são do maior interesse e atualidade, como a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas, um dos temas supostamente incluídos na pauta da convocação. Que se revelou na verdade apenas e somente mais um espetáculo midiático, armadilha montada precisamente para confundir e alimentar a desinformação. Num debate sério não poderia faltar o contraditório, o embate de opiniões e de propósitos, tudo para nutrir o conhecimento e assim melhorar a qualidade das decisões. Tudo fora do alcance da mediocridade tão fortemente evidenciada.

Nada afinal ou, precisamente, o oposto do desejável e do necessário diante de desafios que vão se avolumando e de ameaças que precisam ser melhor percebidas e consideradas, tudo isso com objetividade e conhecimento, a clareza e o entendimento que não podem ser percebidos. E passaram longe, muito longe, dos aludidos acontecimentos no Senado Federal em que apenas e tão somente foi confirmado o patamar rasteiro em que vão se afundando os políticos e a política no País.

São nestes mesmos desvãos que encontram abrigo discussões despropositadas como veto ao licenciamento ambiental de minerodutos e outros sistemas dutoviários, projeto de lei em pauta na Assembleia Legislativa mineira. Decisão que, se confirmada, pode implicar na perda de investimentos da ordem de R$ 20 bilhões no Estado, além de engessar a indústria da mineração, que, apesar de seus pecados, tem enorme peso na economia regional. Aqui, e como no caso do petróleo no Norte do País, tudo se resume no entendimento elementar de que a questão não é deixar de fazer e sim fazer bem feito.