Por que não faz o menor sentido que a gestão da Região Metropolitana de Belo Horizonte seja fragmentada

As prefeituras de Belo Horizonte e Contagem, em consórcio com o governo do Estado, formalizaram recentemente protocolo de intenções que levará à governança integrada do sistema de transporte e mobilidade nos dois municípios. Não chega a ser exatamente uma novidade, cabendo apontar que iniciativas de conteúdo semelhante padeceram de inanição e sucumbiram. Esse registro não invalida da conveniência do processo que agora pode avançar, possibilitando a gestão comum da infraestrutura de mobilidade que alcança e serve aos dois municípios. Algo que tem a medida da racionalidade. Eis porque que o movimento anunciado, restrito em princípio a Belo Horizonte e Contagem, em mais de uma ocasião tenha sido apontado como de âmbito metropolitano. Se não é, como de fato não parece, deveria ser, respondendo assim ao elementar entendimento de que a região metropolitana, que reúne no chamado colar metropolitano 16 municípios, tem na atualidade todas as características que definem um processo consolidado de conturbação, não fazendo o menor sentido que sua gestão prossiga fragmentada.
Sem que esse ponto de partida seja observado a também chamada Grande BH, na prática o terceiro maior aglomerado urbano no País, as questões de interesse comum nunca poderão ser adequadamente tratadas. Prosseguindo nesse raciocínio e como se necessário fosse de alguma forma validá-lo, nos parece suficiente lembrar a questão do traçado do Anel Metropolitano de Contorno Norte, em que falta o entendimento que possibilite a conclusão do projeto e consequente início das obras. Cabe esperar e torcer para que o passo que está sendo dado agora tenha de fato alcance maior, recolocando de pé iniciativas mais antigas e que esbarraram em políticos de horizontes um tanto restritos.
Pode ser diferente, deve e tem que ser diferente, muito provavelmente para desservir vaidades ou conveniências até pessoais, mas com toda certeza para que sejam atendidos os melhores interesses de cada um dos moradores dessas 16 cidades e, igualmente, do seu entorno mais amplo, ou 34 municípios.
O conhecimento da realidade deveria ser o bastante para provocar atitudes diferenciadas, permitindo assim a integração de fato, facilitando o planejamento na lógica de decisões compartilhadas. E como foi dito no início, nada que seja realmente novo, nada inclusive que não tenha sido previsto já em 1974 quando a região metropolitana foi criada, ficando então estabelecidas as bases da gestão e do planejamento compartilhado que ficaram apenas no rol das boas intenções.
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