Sem ideias, propostas ou compromissos, eleições municipais deixam um vazio político

Não será nada exagerado afirmar que a campanha para o primeiro turno das eleições municipais aconteceu num espaço para o qual a definição mais próxima do acerto será a de um grande e absoluto vazio político. E para reforçar a conclusão, nada mais próprio que recordar que a cadeirada desferida, durante debate televisivo, por um dos candidatos à prefeitura de São Paulo em um de seus oponentes, foi o momento que mais chamou atenção na maior cidade brasileira, possivelmente em todo o País. Definitivamente faltaram ideias, faltaram propostas, faltaram compromissos críveis.
Nada mais a constatar senão que tudo não passou de um retrato da realidade local, evidência de esvaziamento que não é apenas brasileiro e deve ser objeto de extrema preocupação. E recordar que a deterioração verificada resulta de um processo mais antigo e que tem como marco a campanha de John Kennedy para a presidência dos Estados Unidos em 1960. Naquele momento nasceram os debates televisivos, ganharam força as pesquisas de opinião e o marketing político, deixando no ar a impressão de que “vender” um candidato não é muito diferente do que vender um sabonete. Uma escalada que ganhou velocidade e densidade com a internet e as redes sociais, sepultando valores que jamais poderiam ser dissociados do espaço público e político. Estamos recordando ideias, propostas, ética e compromissos postos de lado. Ou de interesses e ambições substituindo propostas e projetos de mínima consistência.
Eis que – e com uma dose de otimismo que não há como deixar de apontar – entidades mineiras ligadas ao comércio varejista, dentre elas a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte e a Associação Comercial de Minas, apontam que a votação em segundo turno no próximo dia 27 poderá ser antecedida justamente por um debate mais consistente, pautado por projetos e propostas de relação mais íntima com a realidade e necessidades de Belo Horizonte. Tanto quanto, é claro, de todas as cidades de Minas Gerais e do Brasil em que haverá uma segunda votação. Pautas de real interesse, especialmente aqueles ligadas ao desenvolvimento econômico, lembraram os empresários, devem estar também no foco das atenções dos vereadores já eleitos.
Um discurso, ou recomendação, que aponta para o óbvio, mas que nem por isso perde relevância e oportunidade justamente por explicitar o vazio de ideias e ideais que muito têm ajudado a deformar o espaço político em nosso País.
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