Editorial

Triunfo da insensatez

Triunfo da insensatez
Crédito: Pixabay

O parcelamento, sem juros, de compras pagas com cartão de crédito surgiu em 1990 com alternativa ao uso de cheques pré-datados, então de uso corrente. Deu tão certo que se transformou rapidamente no principal meio de pagamento para compra de bens duráveis, como eletrodomésticos, que de outra forma não estariam ao alcance de parcela ponderável da população brasileira, sendo bastante lembrar que, segundo dados do Banco Central, 75% da população usou a modalidade no ano passado. Um benefício, como se percebe, essencial ao consumo no País, que pode acabar na virada do ano, prazo fixado para que o sistema financeiro apresente proposta concreta para redução drástica dos juros cobrados – que passam de criminosos 400% – quando a fatura do cartão não é paga na data do vencimento.

O sistema financeiro ainda não revelou suas intenções a respeito, mas deixou vazar que uma das possibilidades para evitar o que seria, na sua perspectiva, danos severos, pode ser o fim do parcelamento sem juros, uma ameaça velada que tem causado enorme preocupação, uma vez que poderia frear drasticamente o consumo no País. Seria mais um daqueles casos em que o que dá certo é posto de lado para servir interesses que certamente não são os da maioria da população brasileira, tampouco de quem produz e vende. Por horas e um tanto timidamente diante do que está em jogo, o Banco Central se limitou a sugerir que o parcelamento seja mantido até um máximo de 12 parcelas.

Definitivamente não é o que esperam representantes do comércio varejista, como registram manifestações contundentes das entidades que o representa, dentre elas a Federação do Comércio de Minas. O absurdo do que se intenta, como se estivesse sendo tratada matéria de pouca ou nenhuma importância, fica evidente a partir do conhecimento da importância desse tipo de crédito, principalmente para compradores de mais baixo poder aquisitivo. Motivos mais que suficientes para que cresçam também as reações no Congresso Nacional, onde 178 deputados e 25 senadores integrantes da Frente Parlamentar do Comércio “reafirmam categoricamente seu apoio ao parcelamento sem juros considerando que essa é uma prática intrínseca à realidade econômica e ao bem-estar financeiro de milhões de brasileiros”.

Os parlamentares reconhecem a essencialidade do parcelamento sem juros e defendem “com veemência” sua continuidade. Claramente não pode ser de outra forma e é de se esperar que o mais rapidamente possível a ameaça seja removida e definitivamente enterrada.

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