Uma dívida bem antiga

Em sua mais recente passagem pelo Estado, o presidente Lula anunciou, em Contagem, possível liberação de crédito no valor de R$ 1 bilhão para obras de ampliação da Linha 1 do metrô. Serão, conforme prometido, mais 3,6 quilômetros de trilhos, além de duas novas estações. Tudo, por enquanto, sem previsão de início ou conclusão das obras. Um avanço, espera-se, mas de qualquer forma, pouco ainda diante do reconhecimento objetivo de que a oferta adequada de transporte de massa é chave da equação para adequação da mobilidade na Região Metropolitana de BH à demanda não atendida.
Cabe refrescar memórias e, para não recuar ainda mais no tempo, tomar como referência a Copa do Mundo de Futebol, realizada no país em 2014. Na ocasião, os investimentos planejados, sobretudo em equipamentos urbanos, eram apontados como cruciais para a realização do evento e atendimento aos visitantes que estariam no país. E tudo abrigado no que seria o “Legado da Copa” – de unidades residenciais a parques esportivos, passando por grandes melhorias justamente na mobilidade urbana. Nesse ponto, devemos retornar a Belo Horizonte e ao sonhado metrô, que ganharia novas linhas passando pelo centro da cidade e chegando à Pampulha, precisamente para atender aos torcedores desejosos de acompanhar a Copa do Mundo.
Passados mais de 10 anos, o prometido “legado” que poderia, sim, ter trazido grandes melhorias para a cidade, com oferta de transporte de massa cobrindo, de fato, as áreas centrais, assim facilitando deslocamentos e até mesmo a substituição do transporte individual, acabou no rol das frustrações. Assim, situar a questão nos seus devidos termos, lembrando também que outras capitais brasileiras estão mais bem servidas nesse quesito, é fundamental para que os planos agora apresentados sejam colocados nos seus devidos termos.
Estamos, afinal, diante da possibilidade de algum avanço, porém ainda muito pouco para justificar a espera que já dura algo como, pelo menos, quatro décadas, enquanto insistem na ilusão de que sistemas convencionais, os velhos e conhecidos ônibus, possam responder pelas necessidades de mobilidade. Cabe insistir e, assim, cabe repetir: a oferta atual, operada em sistema de concessão, cabe lembrar, continua muitíssimo distante das necessidades da população ou mesmo de corresponder a um sistema integrado e de alcance verdadeiramente metropolitano. Resumindo, é muito pouco, pouquíssimo, sendo lamentável que o presidente da República não tenha sido cobrado em termos mais objetivos e contundentes.
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