Editorial

Para vencer a inércia é necessário olhar para frente e pensar em um projeto para o País

É preciso olhar para frente, entender que continua sendo preciso construir uma empreitada sólida
Para vencer a inércia é necessário olhar para frente e pensar em um projeto para o País
Edificio do Congresso Nacional em Brasília. Distrito Federal. | Crédito: Adobe Bstock

A transição para a democracia, realizada nos anos 80 do século passado, deixou marcas que o tempo não foi capaz de apagar. Foi um processo de esgotamento, de um lado, e de acomodação de outro, que se revelou um tanto frágil, incapaz de enfrentar e superar os desafios que estavam colocados, resultando em sucessivos governos democraticamente eleitos, frutos supostos da vontade popular. Uma realidade que foi escancarada pelo pluripartidarismo levado a extremos insensatos, porque demandando coalisões impossíveis e assim abrindo espaços para acomodação de interesses num plano e por processos igualmente indesejados, além de absolutamente inconvenientes.

Governar, ou como foi dito e repetido em incontáveis ocasiões, alcançar a governabilidade, rapidamente se transformou num balé político de baixa qualidade, um troca-troca permanente e bastante oneroso, principalmente porque, além de ocupar os espaços da política, projetou-se também sobre a gestão pública. A “arte do possível”, que podia ser percebida quando se falava em “abertura lenta e gradual” e em que alguns poucos enxergaram méritos, foi na realidade o combustível de amplo fracasso institucional que está a reclamar mais atenção. Que deve ser compreendido e corrigido para que possam ser finalmente pavimentados os caminhos para o futuro.

Cada um dos governos pós-redemocratização, independentemente de seu ideário ou matriz política, foi alcançado pela mesma armadilha das composições sem lastro e sem ideário, sustentadas exclusivamente na conveniência ou na ilusão de “governabilidade”, quando não da mais rudimentar ambição. Os padrões, baixos padrões, da gestão pública, medidos pela ineficiência ou, mais comumente, por desvios bem conhecidos, mas que não deveriam ser tolerados, não são mais que o reflexo dessa perversa realidade, da ilusão de um ajuste impossível. Ou da acomodação que nunca aconteceu.

Olhar para frente, entender que continua sendo preciso construir um projeto para o País, para muito além de políticos, de candidatos ou de governos e sim fixando objetivos permanentes e metas a cumprir, expressando a vontade coletiva, demanda enxergar e compreender a trajetória cumprida nas últimas quatro décadas. Para vencer a inércia que se confunde com regressão, para corrigir, para melhorar. Para verdadeiramente oxigenar todo o processo político, assim iluminando as trilhas que apontem o rumo do futuro desejado.

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