Editorial

Violência Política: intolerância e radicalismo nas eleições 2024

Primeiro turno registrou aumento de 30% nos casos de violência em relação às eleições de 2020 no País
Violência Política: intolerância e radicalismo nas eleições 2024
Foto: Reprodução Adobe Stock

Faltando poucos dias para o segundo turno das eleições para prefeitos, as campanhas dos candidatos seguem mais serenas e menos agressivas em relação ao primeiro turno, com exceção de alguns episódios, como o atentado a tiros que feriu o prefeito de Taboão da Serra (SP), José Aprígio (Podemos), na última sexta-feira (18). O afunilamento das disputas em apenas dois concorrentes certamente contribuiu para acalmar os ânimos.

Entretanto, o primeiro turno registrou um aumento de 30% nos casos de violência em relação às eleições de 2020 no País, com 1,5 caso diário contra uma ocorrência a cada sete dias no pleito municipal anterior, de acordo com a 3ª edição da pesquisa “Violência Política e Eleitoral no Brasil”, feita pelas organizações Terra de Direitos e Justiça Global,.

A imagem que sintetiza o ataque à democracia que mancha estas eleições foi, sem dúvida, a cadeirada ao vivo, em pleno debate na televisão, desferida por Datena em Pablo Marçal, que foi até elogiada por parte de eleitores paulistanos. Sem entrar no mérito se a agressão foi merecida e justificada ou não, a atitude em si incentiva outras semelhantes e atenta contra o próprio processo democrático do Brasil. No fim das contas, no 1º turno, foram contabilizados dez assassinatos, 100 atentados, 138 ameaças, 54 agressões, 51 ofensas, 13 criminalizações e sete invasões.

Não foram apenas candidatos a prefeito e a vereador, além de eleitores, as vítimas da intolerância e do radicalismo político que impera no País há alguns anos, a partir de uma estúpida polarização entre esquerda e direita. O uso indiscriminado e impune de redes sociais para disseminar fake news e discursos de ódio agravou o quadro. Durante o primeiro turno da campanha eleitoral no Brasil, a Coalizão em Defesa do Jornalismo (CDJor) registrou mais de 44.200 ataques contra a imprensa em cerca de sete semanas de monitoramento das redes sociais X, Instagram e TikTok. Em parceria com o Laboratório de Internet e Ciência de Dados (Labic), da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), mais de 450 contas de jornalistas, meios de comunicação e candidatos às prefeituras vêm sendo monitoradas desde o dia 15 de agosto, véspera do início oficial da campanha.

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Após o bloqueio do X no País, o TikTok se consolidou como um espaço nocivo aos jornalistas. As redes sociais viraram instrumento de ataques às coberturas jornalísticas das eleições, com foco específico em veículos considerados por extremistas como contrários aos seus candidatos, comportamento que infelizmente se repete desde 2018.

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