O fim da Lava Jato

Paulo César de Oliveira *
Não é o que a maioria do povo brasileiro deseja, mas existem fortes articulações e indícios da existência de setores, públicos e privados, trabalhando ativamente para acabar com a Operação Lava Jato e desmoralizar o seu inspirador, o hoje ministro da Justiça, Sérgio Moro. Claro que todos sabem, e os meus leitores hão de lembrar que há muitos anos bato na tecla de que a impunidade, de grandes e pequenos, sempre foi o grande mal deste País. Isso não significa, porém, que se tenha que execrar os empresários do País, e até mesmo fechar empresas altamente conceituadas tecnicamente em suas áreas de atuação, como parece que acontecerá. A propina ou comissão, como era chamada, sempre fez parte do jogo e quem não paga não tem trabalho. Mas, convenhamos, não era tão escancarada, política de governo, quase.
Na era PT o propinoduto chegou a atingir níveis criticados internacionalmente. Virou, infelizmente, uma prática de governo para perpetuação de um grupo no Poder. Sérgio Moro, corajosamente, escancarou o processo, a ponto de levar Lula para a cadeia. O presidente Bolsonaro, que viveu no Congresso 28 anos, devia ter ciência do “toma lá dá cá” e garantiu que não iria governar dessa forma e, claro, que vem sendo atacado até porque é um presidente que “não tem papas na língua”. Mas é também verdade que não conseguiu abolir a prática. Talvez tenha reduzido um pouco.
Agora, os que querem neutralizar a Lava Jato em sua ação de combater a corrupção, buscam atingir a reputação do hoje ministro Moro, quando ainda como juiz, e do procurador Daltan Delagnol, que estão sofrendo uma campanha difamatória, que vem tanto dos aliados do atual governo quanto de opositores pois, afinal, corrupção não é privilégio da direita nem da esquerda, é prática disseminada em, maior ou menor escala, em todos os níveis de Poder e na maioria dos países.
Desmoralizar os principais rostos da operação é a tática para desacreditar os resultados da Lava Jato até aqui. Até os “hackers”, apostam alguns, estão sendo pagos, não se sabe por quem, para atuar contra a Lava Jato. Pode ser.
* Jornalista e diretor-geral da revista Viver Brasil e jornal Tudo BH
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