Opinião

Os 90 anos de Pedro Simon

Os 90 anos de Pedro Simon
Crédito: Geraldo Magela/Agência Senado

Tilden Santiago *

Em 31/01/2020, o ex-senador de nossa República Pedro Simon (MDB) completou 90 anos, muito bem vividos! Nos tempos sombrios que vivem a Pátria, justifica-se divulgar quem foi esse nonagenário, seus gestos, suas posições, suas palavras, sua liderança no MDB, no Senado, no Rio Grande do Sul e, sobretudo, nessa saga nacional da política contemporânea que foi a campanha das Diretas já, que ele viveu, aquecido pela aura de franciscano da Ordem Terceira que ilumina sua espiritualidade.

Nascido em Caxias do Sul, ali iniciou sua vida política como vereador (no PTB de Getúlio, Jango e Brizola), prolongando-a como deputado estadual, federal, governador, ministro e senador do MDB, opção natural para quem abraçou a missão de resistir à ditadura 1964. Enquanto a Arena era a expressão política do Movimento Cívico Militar do golpe, o MDB de Ulysses Guimarães era o grande guarda-chuva que abrigava pessoas e grupos de esquerda e da resistência. Pedro foi um dos articuladores dos Autênticos em Brasília, junto com Tarcísio Delgado e outros e se orgulhava de Rubens Paiva, um dos primeiros emedebistas mártires, sacrificador no altar da Pátria!

A comemoração dos 90 anos tinha de ser na cidade litorânea gaúcha de Capão da Canoa. Aí ele liderou a passeata das Diretas Já, em 1984, com mais de 50 mil pessoas em um domingo de verão.

Esse escriba conviveu com Pedro Simon durante 12 anos, no Congresso Nacional, como deputado federal por Minas. Além da visão política, dividia com ele as convicções espirituais. Com o senador Darcy Ribeiro, agnóstico, a interação era na política e filosófica embora ele fosse um agnóstico aberto para o “Eterno” e o “Infinito”. Incentivado pela mulher Ivete Fülber Simon, Pedro tem viajado pelo Brasil, realizando palestras gratuitas. “Vá em frente Pedro!”

Hoje ele confia que a democracia, mais cedo ou mais tarde, retomará o seu caminho. Mantém o ex-senador, o mesmo realismo que tinha face ao governo Collor. Preocupa-o muito, a postura dos filhos do atual presidente: “Bolsonaro fala demais e fala equivocado. Ele diz algumas coisas que não precisava”…

Pedro é um homem honesto e verdadeiro, com uma visão amorosa e esperançosa do Brasil e de seu povo: “A participação política hoje é muito maior e mais significativa… Esses nossos celulares são uma arma do povo. Se o governo fizer algo de violento e radical, o povo vai para a rua”. Parabéns, Pedro, pelo que você foi e continua sendo.

*Jornalista, embaixador e sacerdote anglicano

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