Opinião

Os polos de desenvolvimento

José Eloy dos Santos Cardoso *

Falar dos polos paulistas de desenvolvimento é pleonasmo. É até um bom trabalho, quando tentamos comparar o desenvolvimento de São Paulo com o desenvolvimento mineiro. João Dória, governador paulista, está mirando sua candidatura para a Presidência da República nas próximas eleições e, como costumamos dizer, não dorme no ponto. E nem precisa, porque aquele Estado já possui praticamente todas as infraestruturas necessárias ao desenvolvimento. Dias atrás, Dória anunciou que vai criar mais 11 polos industriais. As intenções são melhorar o que já existe nas regiões que receberão as novas condições que atenderão as ações desenvolvimentistas.

Dar acessos diferenciados a créditos, simplificar as licenças de funcionamento e as condições físicas e tributárias serão apenas algumas que poderão acontecer. Conforme anunciado, as ações beneficiarão os setores farmacêutico e metalúrgico, de máquinas e equipamentos, automotivos, químicos, borracha e plástico, petroquímico, de alimentos e bebidas, têxtil e vestuário e outros mais.

Os polos paulistas já estão distribuídos em várias regiões do estado como Campinas, Bauru, Piracicaba, Grande ABC, Baixada Santista, etc. A intenção é melhorar o que já existe e concentram empresas ligadas aos setores onde se pretende melhorar e desenvolver.

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Se o problema fosse em Minas Gerais, as ações deveriam se concentrar em cidades-polo como Uberlândia, Uberaba, Pouso Alegre, Montes Claros e Juiz de Fora, por exemplo. Eu sugeriria, em primeiro lugar, áreas possíveis de se construir distritos industriais entre os municípios de Goianá e Coronel Pacheco, vizinhas do aeroporto Itamar Franco, que deverá começar a receber e despachar cargas nacionais e internacionais. O suporte a uma região ainda subdesenvolvida é essencial. Quando o ainda candidato ao governo mineiro Fernando Pimentel, em visita à Federação das Indústrias de Minas, Regional de Juiz de Fora, cheguei a comentar com ele sobre essa necessidade regional de desenvolvimento. Não obtive nenhuma resposta ou promessa do então candidato ao governo que, por completo, se esqueceu de beneficiar a Zona da Mata.

O aeroporto Itamar Franco, localizado na confluência dos municípios de Goianá e Rio Novo, foi recentemente autorizado a operar com recebimentos e embarques de produtos nacionais e internacionais. Mais de 20 anos se passaram para esse aeroporto receber essas autorizações. A atual administração do conhecido aeroporto da Zona da Mata, anteriormente administrado pela Multiterminais Alfandegados do Brasil, mudou sua administração, mas o trabalho ainda deve continuar por um longo período de tempo, principalmente, porque os políticos regionais ainda não se convenceram de sua importância para o desenvolvimento regional e até de Juiz de Fora que não possui mais grandes áreas para a localização industrial e de serviços.

Como já está fazendo São Paulo, é necessário também se criar em Minas Gerais e dar os necessários suportes para os grandes polos industriais, mesmo para aqueles já existentes. Em Juiz de Fora, por exemplo, já não existem mais grandes áreas aproveitáveis. Se criarmos um novo polo de desenvolvimento entre Goianá e Coronel Pacheco, ajudaremos também a economia dessa cidade-polo da Zona da Mata mineira. A montadora Mercedes-Benz já deu sinais que abandonará o barco por motivos de análises de custos e benefícios.

Se o governador paulista não dorme no ponto, o governador mineiro, Romeu Zema, também não pode continuar a esperar que as coisas aconteçam para tomar urgentes providências. Minas não pode continuar esperando e deve fazer como fez, por exemplo, o sempre lembrado Rondon Pacheco, que, mesmo antes de tomar posse, foi até a Itália para trazer a Fiat para Minas Gerais. Só de melhorar o que já existe já é uma competição. São Paulo pode ser um avião do desenvolvimento, mas Minas Gerais não pode continuar a usar o transporte por carroças como é comum se dizer entre os economistas mais antigos.

*Economista, professor titular de macroeconomia da PUC-Minas e jornalista

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