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Setor é estratégico para a economia verde

Carvão vegetal mineiro vira tecnologia exportável para descarbonizar a siderurgia
Setor é estratégico para a economia verde
Foto: Reprodução Adobe Stock / Anghi

É grande o potencial de Minas Gerais também na descarbonização da economia e na transição energética. Na avaliação da presidente da Associação Mineira da Indústria Florestal (Amif), Adriana Maugeri, Minas Gerais é protagonista neste cenário devido à sua liderança e às práticas desenvolvidas no setor florestal. Isso porque permite a substituição de fontes fósseis por materiais renováveis e limpos; a produção do chamado aço verde, por meio do carvão vegetal; a utilização de biomassa como fonte inesgotável de energia renovável e também atua como escudo de proteção ambiental.

“Não é qualquer plantação que pode ser considerada uma floresta plantada. Isso envolve práticas pensadas para produzir bem, produzir muito e cuidar do meio ambiente e, a partir daí, gerar bioprodutos. No caso da siderurgia, Minas Gerais é responsável por 88% de toda a produção brasileira de carvão vegetal, crucial para a produção do aço verde, que substitui o carvão mineral e reduz significativamente as emissões de CO². E aqui vale dizer que essa tecnologia brasileira de descarbonização da siderurgia pode ser levada a outros continentes e países, como China e Japão, que são grandes produtores de aço”, cita.

Sobre a biomassa, Adriana Maugeri lembra que o setor florestal é visto como uma “usina de carbono” provedora de energia renovável de biomassa – uma das grandes chaves para a transição energética global. E que a biomassa também é utilizada para abastecer a geração de energia de cana durante a entressafra. Ela diz ainda que as florestas plantadas, além de proverem madeira, atuam como um “escudo de proteção contra o desmatamento” das florestas nativas, já que quanto mais madeira legalmente produzida pelas florestas plantadas atender à demanda mundial, menor a pressão sobre as florestas naturais. 

“O futuro terá base biológica e vegetal. A natureza nos ensina que não é preciso inventar a roda, que é possível produzir sem destruir o planeta. Não tem mais espaço no mundo para as produções desordenadas e poluentes, não faz mais sentido produzir assim, porque já existem outras formas de produzir. E não há como o Brasil não ser um dos protagonistas dessa mudança, porque temos tradição e as melhores técnicas. Nossa produtividade é muito superior a de outros países e continentes e temos área e solo de qualidade, além de conservação ambiental e pessoas que sabem trabalhar”, reforça.

Mas este processo envolve desafios e oportunidades. Os desafios dizem respeito a questões como mão de obra especializada e disponível, a partir dos preconceitos das novas gerações, e logística, causado também pela longa extensão territorial. Já as oportunidades são várias, especialmente no que diz respeito à multiplicidade de fontes renováveis de energia, com destaque para as hidrelétricas e o potencial na geração a partir da biomassa, do vento e do sol. 

“Temos quase que climas desérticos, florestas praticamente tropicais úmidas; temos tudo dentro do Estado. Temos cerrado, caatinga, tudo dentro de Minas Gerais e com diversas potencialidades de uso. Sem contar a diversidade de minerais, que pode proporcionar uma mineração sustentável fantástica. E se o Estado quer realmente despontar na economia verde, precisa trabalhar também a comunicação. E então, uma aliança entre Estado, entidades e o setor produtivo é fundamental”, conclui a presidente da Amif.

Podcast Mercado & Agro

Recentemente, Adriana Maugeri foi convidada do Podcast Mercado & Agro. Confira entrevista:

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