Minas mapeia 900 projetos de infraestrutura para 30 anos

Pilar de atração de investimentos, garantia de acesso a serviços essenciais, como saúde e educação, e base da logística e do escoamento da produção, a infraestrutura é fundamental para a competitividade de Minas Gerais, tanto no cenário nacional quanto no internacional. O Estado detém a maior malha rodoviária do Brasil, é berço de algumas das principais ferrovias do País e sede de um dos maiores aeroportos nacionais, tendo papel preponderante no desenvolvimento econômico e social brasileiro.
Segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT), Minas tem, ao todo, 15.589 quilômetros de rodovias federais e estaduais, cujas condições são preocupantes. Na Pesquisa CNT de Rodovias 2024, a entidade identificou 338 pontos críticos nas estradas do Estado, como quedas de barreiras, erosões na pista, grandes buracos, pontes estreitas, entre outros.

As condições do pavimento no Estado geram um aumento de mais de 37% no custo operacional do transporte, refletindo na competitividade do Brasil e no preço dos produtos. Em razão da má qualidade das rodovias, estima-se um consumo desnecessário de 187,3 milhões de litros de diesel, ao custo superior a R$ 1 bilhão para os transportadores. Além disso, o prejuízo gerado pelos acidentes ocorridos na malha rodoviária de Minas Gerais, no ano passado, foi de R$ 1,94 bilhão. Por tudo isso, a recuperação da malha de Minas Gerais custaria, ao todo, R$ 15,87 bilhões.
E, como se não bastassem todos esses números, a alta dependência do setor produtivo do modal rodoviário torna essencial um olhar atento e estratégico do poder público para a melhoria das condições e, consequentemente, para o avanço da competitividade e do desenvolvimento.
“Para falar e pensar em futuro, é preciso uma visão de longo prazo. O que será gargalo para o desenvolvimento econômico do Estado daqui a cinco, 10, 15 ou 20 anos? Essa é a forma inteligente e pragmática de planejar a infraestrutura”, resume o secretário de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias, Pedro Bruno.

O secretário cita o Plano Estadual de Logística e Transportes de Minas Gerais (Pelt-MG), instrumento de planejamento que visa guiar o Estado no que diz respeito às prioridades e necessidades de investimentos em infraestrutura no setor de transporte. Na prática, o documento organiza a carteira de aportes de longo prazo nas infraestruturas rodoviária, ferroviária, aquaviária e aeroportuária do Estado, levando em consideração:
- Simulação de cenários futuros com métodos e ferramentas de referência internacional;
- Uso de big data de telefonia móvel e invoices para conhecimento da demanda real por transportes;
- Mais de 900 projetos, 9.000 obras e R$ 1,8 trilhão em investimentos em avaliação, para implantação até 2055;
- Metodologia do five case model aplicada ao planejamento de transportes;
- Diagnóstico preciso e organização da carteira de investimentos baseado na avaliação de impactos socioeconômicos e ambientais.
Coordenado pela Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra), em conjunto com a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), o plano tem como objetivo aprimorar a infraestrutura logística do Estado e impulsionar o desenvolvimento regional de forma estratégica e integrada.
Para o curto prazo, o Pelt-MG mapeou 480 empreendimentos em concessões de rodovias, ferrovias, hidrovias e dutovias, além de projetos próprios de empresas, do Estado e da União, a serem realizados nos próximos cinco anos, totalizando R$ 513 bilhões em investimentos potenciais. Entre aportes privados e públicos dos governos estadual e federal, R$ 145 bilhões correspondem a projetos ainda em fase de concepção e estudo.

“Aqui em Minas, ao mesmo tempo que pensamos no futuro, também estamos aplicando no presente. Um dado da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) mostra que, para cada emprego gerado em infraestrutura, há um potencial multiplicador de 8,7 empregos na economia, porque infraestrutura é base. Então, quando avanço com um novo corredor logístico, com a recuperação de uma estrada ou a construção de um terminal ferroviário, estou potencializando o desenvolvimento daquela região. É nesse sentido que o governo trabalha. E a nossa visão é muito clara: a complementariedade entre investimento público e privado é o que fará Minas avançar”, afirma Pedro Bruno.
O secretário ainda destaca a criação da Agência Reguladora de Transportes de Minas Gerais (Artemig), ressaltando a importância de se ter um órgão de Estado zelando pelos contratos no contexto de alternância de poder. “Quando falamos de infraestrutura, é importante ter uma agência reguladora acompanhando os contratos, que são de longo prazo, de 20 a 30 anos”, diz.
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