Parceiros do Futuro

Minas Gerais aposta nas florestas plantadas para liderar a economia verde

Estado concentra 88% da produção de carvão vegetal e pode se tornar referência global em transição energética
Minas Gerais aposta nas florestas plantadas para liderar a economia verde
Foto: Reprodução AdobeStock

Líder absoluto na produção de florestas plantadas no Brasil, possuindo a maior área reflorestada com eucalipto do País e sendo responsável por 88% de toda a produção nacional de carvão vegetal, Minas Gerais tem a oportunidade de protagonizar uma mudança de paradigma em nível global. Como? Replicando o modelo dos 2,3 milhões de hectares planejados ou atuando como motor da transição energética que o mundo exige.

Isso porque o setor florestal oferece um material renovável e limpo que pode até mesmo substituir materiais de fontes fósseis, contribuindo para a construção de uma vida mais sustentável. “Ouso dizer que o futuro é feito de madeira”, defende a presidente da Associação Mineira da Indústria Florestal (Amif), Adriana Maugeri.

E ela tem fortes argumentos para tal. “Quando produzo madeira, produzo uma infinidade de possibilidades de fontes renováveis e materiais limpos que podem até substituir fontes fósseis. Melhor ainda quando temos uma produção de madeira legal e pensada para produzir e, ao mesmo tempo, proteger. É a produção sustentável concomitante com a conservação da vegetação nativa. E tudo de forma planejada para cuidar do meio ambiente e para replantar depois. Para isso, é preciso definir a espécie, o local e o manejo adequado ao longo dos anos para garantir ciclos completos e atender aos mercados corretos”, explica.

É que, na prática, as florestas plantadas fornecem madeira para a produção industrial de forma renovável, sustentável e certificada em padrões nacionais e internacionais de manejo. E os 2,3 milhões de hectares de Minas representam 24% de toda a base florestal do País e quase o dobro da área plantada no estado de São Paulo, o segundo colocado no ranking com 1,2 milhão de hectares. 

Um raio-x feito pela Amig mostra que, em Minas Gerais, o eucalipto é predominante: 96% das florestas são compostas pela espécie, que dá origem a produtos essenciais para a sociedade: desde o carvão vegetal amplamente utilizado para a produção de aço, ferro-gusa e ferroligas na indústria siderúrgica (sendo uma matéria-prima que também solidifica a posição do Estado como líder mundial em sua produção e consumo); até papel e celulose, painéis, chapas, pisos laminados, madeira natural, madeira tratada, dentre outros.

No total, as florestas plantadas estão presentes em 803 municípios mineiros, ou seja, em 94% dos 853. As dez cidades com a maior produção representam 25% de toda a área plantada no Estado. Os maiores plantios estão localizados em sete microrregiões: Capelinha; Curvelo; Grão Mogol; Paracatu; Pirapora, Salinas e Três Marias.

A jornada começou há mais de sete décadas, antes mesmo de se falar em transição energética, quando as grandes siderúrgicas passaram a investir em carvão vegetal de florestas plantadas como fonte de energia e biorredução na produção de aço em substituição ao coque, ou seja, o carvão mineral. Isso, conforme a dirigente, expandiu muito a produção florestal em Minas Gerais e a diversificação do perfil do produtor. Segundo ela, nesse contexto, naquela época havia pequenos produtores produzindo florestas para essas grandes empresas, produzindo carvão ou floresta e carvão. A mudança permitiu uma diversificação ao longo das décadas, o que fortaleceu o setor no Estado.

Do aço verde aos bioprodutos

Adriana Maugeri também lembra que o carvão vegetal foi visto como “patinho feio” por muito tempo, porque acabava sendo associado à produção ilegal de carvão vegetal, que era tanto a produção com matas nativas, quanto com a produção rudimentar. “Isso não era a realidade das empresas. E a gente teve um trabalho gigantesco para poder desassociar essa imagem do setor, explicando que tem quem faça, mas que não é o produtor florestal. Quem faz isso é criminoso e está em outra categoria”, explica.

Além desse trabalho, a demanda crescente por parte das empresas em vistas à sustentabilidade também ajudou, afinal, o carvão vegetal surgiu como uma oportunidade e sendo batizado até como “Ouro Verde”, conferindo, mais uma vez, uma posição de destaque a Minas Gerais em relação ao restante do mundo.

“O mundo segue demandante por produtos de origem renovável e, cada vez mais limpos, e nós temos esse ‘Ouro Verde’, dando origem ao gusa verde, ao aço verde e às ligas metálicas verdes. Hoje, enquanto no mundo todo as empresas precisam reduzir o consumo de carvão mineral e estão em busca de possibilidades, Minas já sai décadas à frente, consolidado a expertise com o uso do carvão vegetal”, destaca.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas