Política

Alckmin frustra eleitores paulistas

São Paulo – A professora de Ciência Política da PUC-SP Vera Chaia avalia que o PSDB perdeu o voto antipetista, especialmente em São Paulo, por não fazer o discurso esperado por esses eleitores. “O candidato Geraldo Alckmin não apresentou até aqui a liderança almejada por esse eleitorado nem demonstrou capacidade de vencer o petismo. Nem nas pesquisas nem em seus discursos. A pacificação defendida por ele não parece ser o que o eleitor quer nesse momento”, explica a especialista.

O cientista político Rodrigo Prando, do Mackenzie, concorda que o discurso de Alckmin não tem ajudado nessas eleições marcadas pelo ódio e o acirramento entre representantes da direita e da esquerda. “Ele tem o discurso antipetista, mas Bolsonaro tem o discurso antissistema, que parece ganhar mais adeptos hoje”, afirma.

Além disso, segundo Prando, essa eleição tem sido marcada pela emoção, pelos extremos, e não por debates baseados nas melhores políticas públicas para o País, campo mais confortável para tucano. “O eleitor quer discurso, não conteúdo”, observa.

Segundo Vera, as posições adotadas pelo PSDB ao longo do governo de Michel Temer – como a famosa dúvida sobre desembarcar ou não do governo após o escândalo da JBS – também prejudicam o desempenho de Alckmin, assim como o escândalo envolvendo o senador e ex-presidente do partido Aécio Neves (MG). “E ainda tem o fator João Doria, que além de tentar pegar a vaga de presidenciável para si, não tem feito uma campanha clara para Alckmin em São Paulo. Tudo isso atrapalha demais e acho difícil de ser revertido”, pondera.

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Prando ainda destaca o desgaste natural de Alckmin depois de governar São Paulo por quase 13 anos, em quatro mandatos diferentes, e a demora em investir pesado nas redes sociais. Bolsonaro tem mais de 6,5 milhões de seguidores no Facebook enquanto Alckmin alcançou 1 milhão ao longo da campanha.

A cientista política também ressalta que a aposta de Alckmin em firmar uma ampla aliança – para obter tempo de televisão – não tem surtido efeito positivo. O tucano tem quase metade do tempo de TV e rádio e 8% na última pesquisa Ibope/Estadão, o que lhe garante apenas a quarta posição na preferência do eleitorado. “O que deve acontecer agora é uma debandada geral desses aliados. Vale lembrar que os partidos que formam o Centrão não são exatamente fiéis”, alerta. (AE)

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