Política

Avaliação negativa do governo Jair Bolsonaro alcança 54%

Avaliação negativa do governo Jair Bolsonaro alcança 54%
Pesquisa aponta que Bolsonaro perderia para todos concorrentes em um eventual 2º turno | Crédito: Ueslei Marcelino

São Paulo – A avaliação negativa do governo do presidente Jair Bolsonaro manteve-se em trajetória de alta e chegou a 54%, de acordo com pesquisa do instituto Ipespe para a XP Investimentos divulgada ontem, que apontou ainda que 58% dos entrevistados são contra o voto impresso, que é firmemente defendido pelo presidente apesar de ter sido rejeitado recentemente na Câmara.

De acordo com o levantamento, o percentual dos que consideram o governo Bolsonaro ruim ou péssimo chegou a 54% depois de ficar em 52% na pesquisa anterior, variação dentro da margem de erro da sondagem – de 3,2 pontos percentuais.

Essa é a sexta pesquisa seguida XP/Ipespe que mostra elevação na avaliação negativa do governo, ainda que dentro da margem.

Aqueles que consideram o governo bom ou ótimo são 23%, ante 25% na pesquisa anterior, ao passo que os que consideram a gestão regular são 20%, contra 21%.

Além disso, a desaprovação à maneira que Bolsonaro administra o País manteve-se em 63%, mesmo patamar da pesquisa anterior, ao passo que os que a aprovam são 29%, ante 31% na pesquisa anterior.

O levantamento também indagou sobre a implementação da impressão dos votos pela urna eletrônica, que vem sendo defendida por Bolsonaro em meio às alegações sem provas que ele faz constantemente de que o atual sistema eletrônico de votação é passível de fraudes e às afirmações falsas de que o modelo atual não é auditável.

De acordo com a pesquisa, 58% são contra o voto impresso, enquanto o percentual dos favoráveis é de 36% e os que não sabem ou não responderam somam 7%. Foi a primeira vez que o levantamento XP/Ipespe indagou sobre o voto impresso, cuja implementação foi rejeitada em votação pela Câmara dos Deputados.

Sobre os vários pedidos de impeachment já feitos contra Bolsonaro, o levantamento mostrou que 50% são favoráveis ao impedimento do presidente, contra 49% na pesquisa anterior, e 46% são contra, ante 45%.

Eleições – A pesquisa também indicou continuidade do favoritismo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial do ano que vem.

Em uma das simulações, o petista aparece com 40%, Bolsonaro (sem partido) fica com 24%, Ciro Gomes (PDT) tem 10%, o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (sem partido) soma 9%, enquanto o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), têm 4% cada.

Em um segundo cenário, Lula aparece com 37%, Bolsonaro vem em segundo com 28%, Ciro soma 11%, Mandetta, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o apresentador José Luiz Datena (PSL) ficam com 5% cada e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), aparece com 1%. Pacheco é cobiçado pelo PSD para migrar para o partido e disputar o Palácio do Planalto no ano que vem.

Em um eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro, de acordo com a XP/Ipespe, o ex-presidente soma 51% das intenções de voto contra 32% do atual ocupante do Planalto.

As simulações de segundo turno também colocam Bolsonaro numericamente atrás de Ciro (44% a 32%), Moro (36% a 30%), Doria (37% a 35%), Mandetta (38% a 34%) e Leite (35% a 33%). Em todas as simulações de segundo turno em que aparece, o presidente fica atrás do rival.

Lula, ao contrário, aparece à frente dos adversários em todas as simulações de segundo turno em que tem o nome colocado: 49% a 34% contra Moro, 49% a 31% contra Ciro e 51% a 22% se o adversário é Leite.

O levantamento apontou ainda que 61% dos entrevistados não votariam em Bolsonaro de jeito nenhum, ao passo que 45% dizem o mesmo a respeito de Lula. Além disso, 23% dizem que com certeza votarão em Bolsonaro, percentual que é de 38% no caso de Lula. Outros 10% dizem que podem votar em Bolsonaro e 17% afirmam que podem votar em Lula.

A pesquisa XP/Ipespe ouviu 1.000 pessoas por telefone entre quarta-feira e sábado. A margem de erro da pesquisa é de 3,2 pontos percentuais. (Reuters)

Presidente pode ser acusado por falsificação de documentos públicos

Brasília – O auditor do Tribunal de Contas da União Alexandre Marques confirmou à CPI da Covid-19 que o documento produzido por ele sobre possível supernotificação de mortes pela doença não era oficial e foi alterado depois de ter sido enviado por seu pai ao presidente Jair Bolsonaro, o que levou os senadores da comissão a considerarem acusá-lo de falsificação de documento público.

Perguntado pelo relator da CPI se o documento havia sido alterado e usado indevidamente, Marques confirmou. “Indevidamente pelo fato de se atribuir ao Tribunal de Contas da União um arquivo de duas páginas não conclusivo que não era um documento oficial do tribunal”, disse.

Além disso, o auditor disse ter recebido uma versão em PDF do texto que fez em que havia um cabeçalho do TCU, que não constava no documento que ele havia produzido.

Marques disse aos senadores que o documento, divulgado publicamente por Bolsonaro como sendo um relatório do TCU, era, na verdade, um levantamento de informações feito por ele, em arquivo Word, e que foi compartilhado com colegas para livre debate em um programa interno de mensagens.

O auditor afirmou que chegou a conversar com colegas sobre os dados, mas que não acreditava haver um “um conluio para deliberadamente superfaturar notificações de óbitos”, e que a discussão não foi adiante e que o documento nunca foi inserido em nenhum sistema de auditorias do TCU. Mas, que em conversa com seu pai, que é amigo do presidente, tratou do assunto e enviou para ele o mesmo arquivo por um aplicativo de mensagens.

“Ele me perguntou quem era a fonte, e eu respondi que era eu, pois eu tinha compilado essas informações da internet. E, logo em seguida, mudamos de assunto, fomos conversar sobre outras coisas. Em nenhum momento, passou pela minha cabeça que ele compartilharia o arquivo”, disse Marques.

Seu pai confirmou que enviou o documento ao presidente, mas da mesma forma que recebeu, sem alterações.

As informações prestadas por Marques – as mesmas que declarou ao próprio TCU em sindicância interna– levaram os senadores a levantar a suspeita de que Bolsonaro tenha cometido o crime de falsificação de documento público.

“Senhor Alexandre, o seu depoimento aqui só confirma. Olha, nós não temos dúvida, a partir do seu depoimento, que o senhor presidente da República incorreu no crime contra a fé pública, constante no art. 297 do Código Penal, que diz: ‘Falsificar no todo ou em parte documento público’”, disse o vice-presidente da Comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Já a senadora Simone Tebet (MDB-MS) apontou crime de responsabilidade ao dizer que Bolsonaro se apropriou de um documento privado em que foi acrescentado o selo do TCU e afirmou que era um documento do tribunal sabendo que não era.

“Então, na linha do senador Randolfe, eu quero dizer que pouco importa se o senhor presidente da República fez documento ou mandou fazer o documento. Na realidade, ele tornou público um documento sabidamente manipulado, falsificado. Isso é crime comum e crime de responsabilidade”, disse a senadora. (Reuters)

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