Política

Bolsonaro não confirma Ciro Nogueira no governo

Bolsonaro não confirma Ciro Nogueira no governo
Crédito: REUTERS/Adriano Machado

Brasília – O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem haver uma “possibilidade” de o presidente do PP e senador, Ciro Nogueira (PI), assumir o comando da Casa Civil, após ter confirmado a escolha de uma das principais lideranças do Centrão para o cargo na semana passada.

Previsto para se encontrarem ontem, Bolsonaro e Ciro devem se reunir nesta terça-feira (27) para decidirem a indicação. A assessoria do senador confirmou ter havido um atraso de um voo dele e que só chegaria a Brasília na noite da segunda-feira (26).

Em entrevista a uma rádio do Paraíba, o presidente defendeu a eventual escolha do presidente do PP, mesmo o senador sendo alvo de investigações criminais e a escolha dele quebrando a promessa de campanha de só nomear para o primeiro escalão quadros técnicos.

“Os ministérios mais importantes continuam por critério técnico. Tem uma possibilidade agora de o Ciro Nogueira assumir o Ministério da Casa Civil, a Casa Civil não tem orçamento em suas mãos, faz a articulação com o Parlamento e nós entendemos que um político –no caso um senador– poderia fazer melhor essa articulação com o Parlamento, por isso essa aproximação com o Ciro Nogueira”, disse ele.

O presidente destacou que se Ciro ou qualquer outro ministro for julgado e condenado, será afastado do governo, mas ressalvou que “no momento é o que tenho aqui em Brasília” para governar.

“Se eu afastar do meu convívio parlamentares que são réus ou recebem inquéritos, eu perco quase metade do Parlamento”, disse ele.

Na semana passada, Bolsonaro havia confirmado que Ciro Nogueira (PP-PI) tinha aceitado seu convite e deveria assumir a Casa Civil de seu governo.

Em entrevista uma rádio do Paraná, o presidente confirmou que as mudanças ministeriais aconteceriam nesta semana e incluiriam, além da nomeação de Ciro Nogueira para a Casa Civil, a mudança de Luiz Eduardo Ramos para a Secretaria-Geral da Presidência.

O atual ministro da pasta, Onyx Lorenzoni, deve ser deslocado para um novo ministério do Emprego e Previdência, a ser criado a partir do desmembramento do Ministério da Economia.

A reforma ministerial – a se confirmar – ocorre no momento em que o presidente atravessa uma baixa popularidade em meio a críticas ao enfrentamento à pandemia de Covid-19 e denúncias sobre possível corrupção no governo na negociação por vacinas, além de estar atrás em pesquisas de intenção de voto para a sucessão ao Palácio do Planalto em 2022.

Veto – Bolsonaro reafirmou ontem que irá vetar o fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões aprovado na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), mas que irá manter parte do valor.

“Deixar claro uma coisa: vai ser vetado o excesso do que a lei garante. A lei… quase R$ 4 bilhões o fundo. O extra de R$ 2 bilhões vai ser vetado. Se eu vetar o que está na lei eu estou incurso no crime de responsabilidade. Espero não começar a apanhar do pessoal aí como sempre”, disse Bolsonaro a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.

Na verdade, Bolsonaro não pode vetar apenas parcialmente o valor previsto na LDO. Pode ou sancionar integralmente ou vetar integralmente a previsão.

Uma alternativa que o governo estuda é um acordo para vetar toda a previsão aprovada pelo Congresso agora, e recompor os valores ao enviar o projeto do Orçamento para 2022, agora em agosto.

Depois das críticas ao alto valor aprovado pelos parlamentares, Bolsonaro tem repetido que vai vetar o fundo mas, ao mesmo tempo, usa desculpa de que o fundo está previsto em lei para dizer que o valor precisa estar previsto ou ele pode cometer crime de responsabilidade.

Em 2019, diante também da onda de críticas ao fundo de R$ 2 bilhões para as eleições municipais, Bolsonaro também sinalizou que iria vetar a previsão. Na última hora, no entanto, voltou atrás e sancionou, alegando que poderia incorrer em crime de responsabilidade e alvo de impeachment.

Bolsonaro aproveitou também para mais uma vez prometer apresentar na sua tradicional live de quinta-feira nesta semana evidências que reforçarão sua defesa ao voto impresso para as urnas eletrônicas.

“A gente vai expor todas as questões que levam a gente a ter eleições democráticas ano que vem”, disse o presidente. “São três momentos inacreditáveis que a gente vai mostrar com fotografias de dados fornecidos pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).”  (Reuters)

Mourão não deve disputar a reeleição

Brasília – O presidente Jair Bolsonaro admitiu ontem que o vice-presidente Hamilton Mourão por vezes “atrapalha um pouco”, mas tem de aturar, indicando mais uma vez que poderá escolher para disputar a reeleição no próximo ano um novo companheiro de chapa com outro perfil.

“O Mourão faz o teu trabalho. Ele tem uma independência muito grande, por vezes atrapalha um pouco a gente, mas o vice é igual cunhado: você casa e tem que aturar o cunhado do teu lado. Você não pode mandar o cunhado ir embora. Então, estamos com o Mourão sem grandes problemas, mas o cargo dele é muito importante para agregar. Dele, não, o cargo de vice é muito importante para agregar simpatias”, disse Bolsonaro.

Em entrevista a uma rádio da Paraíba, o presidente afirmou que a escolha do seu vice nas eleições de 2018 foi feita “muito em cima da hora” e que, se for candidato, poderá optar por outro perfil na disputa do próximo ano com o objetivo de agregar mais.

“A escolha do meu vice na última foi muito em cima da hora, assim como a composição das bancadas, principalmente para deputado federal. Muitos parlamentares, depois de ganharem com o nosso nome, transformaram-se em verdadeiros inimigos. O vice é uma pessoa importantíssima para agregar simpatia. Alguns falam que um bom vice poderia ser de Minas Gerais, de um estado do Nordeste, de uma mulher ou de um perfil mais agregador pelo Brasil”, disse.

Mourão tem feito constantes críticas e reparos à gestão de Bolsonaro nas mais diversas questões. Contudo, ele também já se queixou publicamente de não ser chamado a participar de importantes decisões de governo. (Reuters)

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