Bolsonaro questiona investigação no Rio

Dallas – O presidente Jair Bolsonaro indicou ontem que as investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) que envolvem um de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), são uma tentativa de atingi-lo, e colocou seu sigilo fiscal à disposição.
“Querem me atingir? Venham para cima de mim! Podem vir para cima de mim. Querem quebrar meu sigilo, eu sei que tem que ter um fato, mas eu abro o meu sigilo. Não vão me pegar”, disse Bolsonaro em Dallas, nos Estados Unidos, ao ser questionado por repórteres sobre as investigações do MPRJ que envolvem Flávio.
O presidente, que viajou aos EUA para receber uma premiação da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, disse que “grandes setores da mídia” estão insatisfeitos com o governo porque é “um governo de austeridade, é um governo de responsabilidade com o dinheiro público, é um governo que não vai mentir e não vai aceitar negociações, não vai aceitar conchavos para atender interesse de quem quer que seja. E ponto final”.
Flávio Bolsonaro passou a ser investigado pelo Ministério Público após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontar movimentações atípicas de seu ex-assessor parlamentar na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) Fabrício Queiroz. Também foram identificados depósitos suspeitos na conta do próprio senador.
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Reportagem publicada no site da revista Veja na quarta-feira (15) afirmou que o MP apontou indícios de que Flávio tenha utilizado negociações de imóveis para lavar dinheiro entre 2010 e 2017. A suspeita foi apontada pelo MPRJ ao solicitar a quebra dos sigilos bancário e fiscal do senador, que foi concedida pela Justiça Rio de Janeiro.
Segundo os promotores, o então deputado estadual teria lucrado R$ 3 milhões em transações imobiliárias de R$ 9 milhões envolvendo 19 imóveis em que há “suspeitas de subfaturamento nas compras e superfaturamento nas vendas”, disse a Veja.
Em nota publicada no Twitter, o senador afirmou que “não são verdadeiras as informações vazadas na revista Veja acerca de meu patrimônio”.
“Continuo sendo vítima de seguidos e constantes vazamentos de informações contidas em processo que está em segredo de justiça. Os valores informados são absolutamente falsos e não chegam nem perto dos valores reais. Sempre declarei todo meu patrimônio à Receita Federal e tudo é compatível com a minha renda”, acrescentou.
O senador lamentou que “algumas autoridades do Rio de Janeiro continuem a vazar ilegalmente à imprensa informações sigilosas, querendo conduzir o tema publicamente pelos meios de comunicação e não dentro dos autos”, e disse que ficará provado dentro do processo legal que jamais cometeu qualquer irregularidade.
Reportagem do jornal Folha de S.Paulo de ontem afirma que a quebra do sigilo de Flávio atinge também ao menos cinco ex-assessores do presidente Jair Bolsonaro que trabalharam tanto no gabinete do pai quando era deputado federal como no de Flávio na Alerj.
Relações exteriores – Bolsonaro disse ser homenageado em Dallas, nos Estados Unidos, que o “Brasil de hoje” quer o povo e os empresários norte-americanos por perto e se disse convicto que a relação do Brasil com os EUA resultará em comércio e em novos acordos entre os dois países.
“O Brasil de hoje é amigo dos Estados Unidos, o Brasil de hoje respeita os Estados Unidos e o Brasil de hoje quer o povo americano e os empresários americanos ao nosso lado”, disse o presidente ao receber o prêmio.
Em seu discurso, Bolsonaro também criticou a imprensa e fez referência às manifestações que levaram dezenas de milhares de pessoas às ruas de cidades de todo o país na quarta-feira contra o bloqueio de verbas do Ministério da Educação.
“Ontem vimos em algumas capitais de Estados marchas pela educação, como se a educação até o final do ano passado fosse uma maravilha no Brasil. Temos um potencial humano fantástico, mas a esquerda brasileira entrou, infiltrou e tomou não só a imprensa brasileira, mas também em grande parte as universidades e as escolas”, acusou.
Bolsonaro mencionou a situação vivida na Venezuela, mas preferiu dar mais destaque à Argentina, que terá eleições presidenciais em outubro, afirmando que o país vizinho está “indo para um caminho bastante complicado”, numa referência à possibilidade de a ex-presidente argentina Cristina Kirchner vencer a eleição no país.
O presidente afirmou que viajará em breve à Argentina e disse que buscará “colaborar com o país”, assegurando no entanto que não irá se intrometer em assuntos locais. (Reuters)
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