Bolsonaro sinaliza que Braga Netto será o seu vice

Brasília – O presidente Jair Bolsonaro sinalizou ontem que já está decidido quem será o candidato a vice em sua chapa e, apesar de não querer confirmar o nome, deu indicações suficientes de que será de fato o atual ministro da Defesa, o general da reserva Walter Braga Netto.
“Eu não quero adiantar o nome. Devemos ter um vice que demonstre à população que não é vice para ajudar a ganhar a eleição, mas para ajudar a governar o Brasil. Ganhar a eleição é bem mais fácil, ou menos difícil, que governar”, afirmou em entrevista a TV Jovem Pan.
Em seguida, acrescentou que o candidato é de Minas Gerais – Braga Netto nasceu em Belo Horizonte.
O general da reserva é o vice de escolha do presidente, que resistiu a pressões do seu partido, o PL, e de outros da base para escolher um nome político, que pudesse agregar votos à sua campanha. A fala de Bolsonaro mostra que essa não é a maior preocupação do presidente, e sim os riscos para um eventual segundo mandato.
“Eu tenho que ter um vice que não tenha ambições de assumir minha cadeira ao longo de um mandato”, afirmou.
De acordo com uma fonte próxima ao presidente, essa segurança é a maior preocupação dele e de seu grupo mais próximo: o risco de ter um vice palatável para a política que torne fácil um projeto de impeachment.
“Um dos principais motivos que não prosperou um impeachment neste mandato foi porque ninguém no Congresso queria (o atual vice e também general da reserva Hamilton) Mourão como presidente”, analisou a fonte.
Bolsonaro quer alguém de sua absoluta confiança, e Braga Netto, que se revelou fiel ao presidente desde que foi chamado para o governo –ao ponto de pressionar pessoalmente senadores durante a CPI da Pandemia e encampar a defesa do voto impresso e suspeitas sobre as futuras eleições– se encaixa no perfil.
Braga Netto é um dos ministros que deve deixar o governo até o dia 2 de abril para poder ser candidato, mas ainda não se filiou a um partido. A tendência é que se una ao PL, formando uma chapa puro-sangue com Bolsonaro.
Reforma – Bolsonaro afirmou ainda que a reforma tributária, uma das propostas de seu governo, não deve avançar este ano, mas considera que talvez seja possível aprovar a reforma administrativa.
O presidente afirmou que conseguir aprovar as mudanças para os servidores seria “um grande avanço”, mas acrescentou que no caso da tributária seria “difícil andar”, especialmente em um ano eleitoral.
Ambas as propostas estão paradas no Congresso. No caso da proposta tributária, há mais de um projeto concorrente, que ainda estão nas comissões tanto da Câmara dos Deputados quanto do Senado.
PSDB, MDB e União devem formalizar aliança em junho
São Paulo – Em evento de filiação do senador Alessandro Vieira (SE) ao PSDB, o presidente do partido, Bruno Araújo, afirmou que, em abril, a sigla irá formalizar aliança com MDB e União Brasil para a eleição de 2022 e que, em junho, um presidenciável será anunciado.
Isso significa que até lá o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), ou a senadora Simone Tebet (MDB-MS) terão que desistir da candidatura presidencial. Ainda em abril, a ideia é que seja decidido um critério para essa escolha – são cogitadas pesquisas qualitativas ou votações nas bancadas de parlamentares, por exemplo.
Vieira era também presidenciável pelo Cidadania, mas abriu mão da candidatura, decidiu sair do partido, apoiar Doria e ingressar no PSDB, sigla pela qual deve concorrer ao Governo de Sergipe. O senador assinou sua filiação ontem, ao lado de caciques tucanos de São Paulo.
O Cidadania e o PSDB, contudo, já acertaram uma federação partidária – aliança formal para as eleições que tem duração de quatro anos. Por isso, Araújo afirmou que Vieira faz “uma mudança horizontal” de partido.
“Estamos nos programando para, no dia 6 de abril, fazermos um evento político para lançar o pilar dessa unidade, dessa candidatura única que pretendemos ter anunciada no dia 1º de junho”, disse Araújo, ressaltando que a coligação terá muita capilaridade no País e um amplo tempo de TV e rádio.
Araújo disse ainda esperar que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), permaneça no partido. Ele foi convidado pelo PSD a ser candidato ao Palácio do Planalto e tem que tomar uma decisão até 2 de abril.
Leite perdeu as prévias presidenciais do PSDB para Doria em novembro. Mas, como mostrou o jornal Folha de S.Paulo, parte dos tucanos quer mantê-lo no partido com o argumento de que seria possível trocar a candidatura de Doria pela de Leite sob o argumento de que o paulista está emperrado nas pesquisas.
Nos bastidores, tucanos dizem acreditar que Leite tende a permanecer no PSDB – há semanas, a avaliação era a de que ele seguramente migraria para o PSD. O gaúcho vem conversando com políticos e recebeu uma carta de líderes do PSDB pedindo que fique.
Araújo destacou que o manifesto foi unânime, inclusive com a assinatura de aliados de Doria. “Esperamos e confiamos firmemente que possamos continuar tendo o governador Eduardo Leite nos nossos quadros”, disse o presidente.
Durante sua filiação, Vieira cobrou obediência às votações internas e à democracia interna nos partidos, o que serve como indireta a Leite no sentido de que o gaúcho deveria aceitar o resultado das prévias.
Vieira afirmou entender a política como “uma ação de grupo e de compromisso”. “Venho para o PSDB na condição de que aqui também as votações, as decisões, os processos são respeitados e cumpridos. […] Não há política sem respeito às votações, goste-se do resultado ou não. O Brasil precisa de um choque de seriedade, de honestidade, de resultado, de gestão”, disse.
Araújo afirmou que Doria, Tebet e União Brasil tiveram “espírito republicano de aceitar se condicionarem ao resultado dos critérios a serem escolhidos para a escolha desse candidato único”. Ele mencionou ainda o Podemos, de Sergio Moro, como um possível interlocutor para aliança.
Vieira chegou a se posicionar de forma contrária à possibilidade de federação no Cidadania, mas justificou ser crítico apenas às “federações sem regras”. Ele disse que o acerto entre os dois partidos deve ser respeitado, pois foi a decisão da maioria.
O senador, que exaltou a renovação, deixou o Cidadania afirmando não concordar que o presidente do partido, Roberto Freire, esteja à frente da sigla por mais de 30 anos.
Questionado sobre sua proximidade com Moro e sobre a possibilidade de apoiá-lo, Vieira disse que se aliou a Doria para cumprir a federação.
“Sergio Moro é um amigo e um grande homem público brasileiro. O que eu entendo que é necessário é cumprir acordos. O Cidadania fez um acordo com o PSDB para construção de candidatura e projeto nacional. Eu me submeti a essas regras, […] logo a consequência lógica é fazer o apoio a João Doria», disse.
Vieira ressaltou que Doria, Moro e Vieira são “três bons amigos”, mas que isolados não terão sucesso. Ele ainda criticou o “populismo barato dos extremos” e afirmou que os candidatos da terceira via devem ter “desprendimento e humildade”, deixando personalismos de lado. (Folhapress)
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