Bolsonaro volta a chamar o Covid-19 de uma “gripezinha”
Brasília – O presidente Jair Bolsonaro voltou a reclamar ontem à noite, em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV, de restrições impostas por governadores para a circulação de pessoas para conter o avanço do coronavírus e chamou novamente a pandemia – que já matou 46 e infectou 2.201 pessoas no País– de uma “gripezinha”.
Durante o pronunciamento do presidente, houve o registro de uma série de panelaços em cidades como Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, como tem ocorrido nas últimos noites.
Bolsonaro defendeu que algumas poucas autoridades estaduais e municipais deixem de lado o discurso de “terra arrasada” e novamente disse que o país não pode parar em razão do vírus, uma vez que os empregos têm de ser preservados. O presidente voltou a minimizar os efeitos da pandemia.
O presidente atacou novamente os meios de comunicação por estarem supostamente criando pânico e histeria entre os brasileiros.
O governo prepara nova medida provisória (MP) de R$ 5,02 bilhões para o combate ao coronavírus, indicando que o total previsto para o Ministério da Saúde, de R$ 1,6 bilhão, terá como fonte recursos recuperados com acordos anticorrupção no ano passado. As informações constam em minuta da medida à qual a Reuters teve acesso.
Em 13 de março, o governo já havia enviado ao Congresso uma MP de R$ 5,1 bilhões em créditos extraordinários para o combate ao coronavírus, mas contemplando apenas os ministérios da Educação e Saúde.
Desta vez, o valor de R$ 5,02 bilhões é em crédito extraordinário para os ministérios da Ciência, Relações Exteriores, Defesa, Cidadania e Saúde. A maior parte dos recursos será direcionada para o Ministério da Cidadania, num total de R$ 3,04 bilhões, para ampliação do número de beneficiários do Bolsa Família.
O montante de R$ 1,6 bilhão é previsto para o Ministério da Saúde para compra de equipamentos para unidades de tratamento intensivo (UTIs), como ventiladores pulmonares. Apenas para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), são R$ 385,4 milhões. A ideia, nesse caso, é que a fundação disponibilize testes moleculares e testes rápidos para operacionalização de centrais analíticas para diagnóstico da Covid-19.
Ao Ministério da Defesa caberão R$ 220 milhões, a serem empregados para apoio das Forças Armadas no enfrentamento da doença. Os ministérios da Ciência e das Relações Exteriores receberão, respectivamente, R$ 100 milhões e R$ 62 milhões. No primeiro caso, os recursos alimentarão o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
No Itamaraty, serão utilizados para assistência a brasileiros retidos no exterior e cooperação com países com sistemas de saúde deficientes.
Diante da crise, o governo havia proposto ao Congresso a possibilidade de suspensão do contrato de trabalho por até quatro meses, sem pagamento de salário, o que suscitou críticas ferrenhas de políticos e fez Bolsonaro determinar a revogação deste artigo em particular. (Reuters)
Telefonema para conversar com Xi Jinping
Brasília – O presidente Jair Bolsonaro conversou na manhã de ontem com o presidente da China, Xi Jinping, para trocar informações sobre o combate ao novo coronavírus (Covid-19) e reafirmar os laços comerciais entre os dois países. Acompanharam a ligação os ministros da Agricultura, Tereza Cristina; das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
“Nesta manhã, em ligação telefônica com o Presidente da China, Xi Jinping, reafirmamos nossos laços de amizade, troca de informações e ações sobre a Covid-19 e ampliação de nossos laços comerciais”, escreveu Bolsonaro em publicação no Twitter.
Na semana passada, o presidente brasileiro disse que não há nenhum problema entre os governos do Brasil e da China e que poderia entrar em contato com o governo chinês para pedir auxílio no combate à pandemia da Covid-19.
A declaração foi dada após publicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) no Twitter, filho do presidente, responsabilizando o governo chinês pela pandemia de coronavírus. Em resposta, a Embaixada da China no Brasil disse que a postagem prejudica “a boa imagem do Brasil no coração do povo chinês”.
Depois de surgir na China, em dezembro do ano passado, o surto do novo coronavírus espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar situação de pandemia.
Após várias medidas restritivas e ações de saúde nos últimos meses, o país asiático vem registrando queda no número de novos casos por transmissão comunitária e já trabalha para conter aumento de casos importados de coronavírus.
De acordo com boletim divulgado na última segunda-feira pela OMS, 103 novos casos foram confirmados na China nas últimas 24 horas. Desde o início do surto, o país registrou mais de 81,6 mil casos da covid-19.
Embaixador – Em publicações no Twitter, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, destacou que a conversa telefônica entre Xi Jinping e Bolsonaro foi realizada em um ambiente muito cordial e amistoso. De acordo com Wanming, os dois presidentes reforçaram a necessidade de aumentar a cooperação no combate e controle da pandemia de Covid-19, inclusive nos materiais médicos. “Consideram que a única solução correta de vencer a pandemia com maior brevidade é a cooperação internacional”, escreveu.
Ainda segundo o embaixador, ambos reiteraram o compromisso com a estabilização e ampliação da parceria comercial, especialmente nesse contexto desafiador, contribuindo para o enfrentamento do impacto causado pelo Covid-19 na economia mundial. Os presidentes também reafirmaram o compromisso conjunto de dar continuidade ao estreito diálogo a favor do desenvolvimento saudável, estável e constante da parceira Brasil-China.
Xi Jinping e Bolsonaro também apoiam a proposta da Arábia Saudita de promover uma videoconferência dos líderes dos países de G-20, destacando a importância da cooperação dos países do bloco no combate ao novo coronavírus. (ABr)
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