Política

Bolsonaro volta a falar em privatizar a Petrobras

Bolsonaro volta a falar em privatizar a Petrobras
Crédito: Sergio Moraes/Reuters

Brasília – O presidente Jair Bolsonaro voltou a falar ontem que considera privatizar a Petrobras e afirmou que a estatal serve para lhe dar “dor de cabeça” e para prestar serviço aos seus acionistas.

“O combustível está subindo no mundo todo, aqui está subindo menos. Alguns acham que a culpa é minha. Eu posso interferir na Petrobras? Eu vou responder a processo, o presidente da Petrobras vai acabar sendo preso”, disse em entrevista à TV Jovem Pan News, que estreou ontem. “É uma estatal que só me dá dor de cabeça. Nós vamos partir para uma maneira de quebrarmos mais monopólio, quem sabe até botar no radar da privatização. É isso que nós queremos”, ressaltou.

Bolsonaro tem falado nos últimos dias na privatização da empresa. O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), admitiu à Reuters que está sendo estudado um projeto de lei para venda de ações e privatização da companhia. Uma das alternativas é a venda de ações do governo, hoje maior acionista, para diluir a participação societária na estatal.

Na entrevista, Bolsonaro criticou a política de preços adotada a partir do governo de Michel Temer, que vincula os reajustes ao preço internacional do barril de petróleo brent e ao valor do dólar no País.

“Não adianta bater recorde na produção de barril, qual a consequência disso? O que o povo vai pensar? Nós somos autossuficientes? Somos. Mas dado a leis do passado, à vinculação do preço levando em conta o barril brent lá fora e o dólar aqui dentro, o reajuste é automático», afirmou. “É uma empresa que hoje está prestando serviço para acionistas, mais ninguém. A chance de você perder algo na Petrobras é zero”, observou.

Apesar de falar em privatização, algo que não é cogitado por partidos de centro-esquerda, Bolsonaro acabou por repetir o discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de que a Petrobras hoje, apesar de ser estatal, só atende aos interesses dos acionistas. “Você compra ação de qualquer empresa e pode perder. Na Petrobras você não perde nunca. Essa empresa é nossa ou de alguns privilegiados? Não é justo o que está acontecendo”, reclamou.

Na última terça-feira, a empresa aplicou mais um reajuste, de 7% para a gasolina e 9,1% para o diesel. O próprio presidente já havia dito no final de semana que viria mais um aumento esta semana. Foi o segundo reajuste em um mês. Apenas neste ano, os aumentos acumulados chegam a 73% para gasolina e 65,3% para o diesel, de acordo com as tabelas da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Mercado “nervosinho” – O presidente Jair Bolsonaro voltou a chamar ontem o mercado financeiro de “nervosinho”, ao ser questionado sobre as reações dos investidores à decisão do governo de mexer no teto de gastos para abrir espaço fiscal para um programa social.

Em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, Bolsonaro também disse que “qualquer negocinho” é suficiente para os agentes de mercado elevarem as taxas de juros a longo prazo. “O mercado é um nervosinho. Um nervosinho. Qualquer negocinho aumenta a taxa de juros a longo prazo, perdeu mais de R$ 50 bilhões. É assim que acontece”, disse o presidente ao programa.

Bolsonaro interrompeu sua entrevista ao ser repetidamente questionado pelo humorista André Marinho, filho do empresário Paulo Marinho, ex-aliado e atualmente desafeto do presidente, sobre acusações indiretas contra o filho mais velho do presidente, senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), de desvio de salário de assessores quando era deputado estadual no Rio de Janeiro.

“Marinho, não vou aceitar provocação tua. Teu pai é o principal interessado na cadeira do Flávio Bolsonaro. Não tem mais conversa contigo”, respondeu Bolsonaro. Paulo Marinho é suplente de Flávio.

Quando o humorista insistiu na pergunta e acusou o presidente de apenas aceitar perguntas de “bajulador”, integrantes do programa começaram a discutir e Bolsonaro acabou interrompendo a entrevista.

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