Brasil descarta apoio a intervenção militar

Rio de Janeiro – O Brasil não vai apoiar uma eventual intervenção militar na Venezuela para forçar a saída do presidente Nicolás Maduro da presidência do país vizinho, disse à Reuters o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, na sexta-feira (25).
O que se busca na Venezuela, segundo Mourão, é uma solução para a crise que evite decisões dessa natureza. “Nossa visão é sem apoio a uma intervenção (militar)”, afirmou.
O líder da oposição venezuelana e presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se declarou na última quarta-feira presidente interino do país, sendo reconhecido como tal pelos Estados Unidos, Brasil e outros países. Rússia, México e alguns outros países, no entanto, declararam apoio ao governo Maduro.
Mourão reforçou a ideia de que o ideal seria que Maduro e seus aliados deixassem a Venezuela para o bem da população.
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Com o aumento da tensão na Venezuela que gerou protestos e manifestações de rua que deixaram mortos e feridos, uma das preocupações do Brasil é com um possível aumento no êxodo de venezuelanos para o Brasil, disse o vice-presidente. “Estamos atentos a isso”, afirmou.
Desde o agravamento da crise econômica, social e institucional no país vizinho muitos venezuelanos cruzaram a fronteira com o Brasil para fugir dos problemas no próprio país.
Após a autodeclaração de Guaidó como presidente interino, o governo brasileiro afirmou, em nota do Ministério das Relações Exteriores, que está comprometido em apoiar o “processo de transição” na Venezuela, e o presidente Jair Bolsonaro comentou a situação do país vizinho durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos.
“A história tem nos mostrado que ditaduras não passam o poder para a oposição de forma pacífica, e nós tememos as ações da ditadura Maduro”, disse Bolsonaro em entrevista à TV Record na noite da última quarta-feira.
“Obviamente tem países fortes dispostos a outras conseqüência,. como anunciado pelo governo Trump. Obviamente o Brasil acompanha com muita atenção e estamos no limite daquilo que podemos fazer para restabelecer a democracia naquele país”, ponderou.
“Problema interno” – O ministro da Secretaria de Governo, general da reserva Carlos Alberto Santos Cruz, afirmou na sexta-feira que o apoio dos militares ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, é mais um componente no “problema interno” daquele país.
A avaliação ocorre no momento em que cresce a pressão para a saída do chefe do Executivo venezuelano – o Brasil, os Estados Unidos e outras nações já reconhecem o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, como presidente interino do país.
“Agora você vê que tem uma parte da população muito grande também com expectativa (de mudança), então são as forças do país. Tudo isso faz parte do conjunto. A gente espera que quem vença é o povo venezuelano e não um governo que está tentando se impor pela força”, disse.
Para o ministro, o papel do Brasil está “bem claro” em relação à Venezuela. Ele destacou que o país desaprova um governo Maduro por não considerá-lo democrático.
“Existem várias resoluções internacionais de que a própria eleição não seguiu as normas mínimas da democracia e a consequência imediata para o Brasil são os venezuelanos que vieram para dentro do Brasil que o Brasil tem que dar todo o apoio necessário a essas pessoas”, afirmou, referindo-se à onda de imigrantes venezuelanos no Brasil, principalmente em Roraima.
Ao ser questionado se seria o caso de o Brasil atuar por uma solução intermediária diante do fato de que não haverá um apoio a uma intervenção militar, o ministro afirmou que o povo da Venezuela está reagindo e que há um processo de “resolução do problema”.
Ele disse que é preciso deixar as forças do país terem a sua própria reação. Para Santos Cruz, a situação atual da Venezuela é resultado do desespero de um povo contra um governo que não responde a “nenhum anseio da população. (Reuters)
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