Relação com a Câmara será maior desafio político de Fuad Noman na nova gestão

Reeleito para comandar a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) nos próximos quatros anos com 53,73% dos votos válidos , Fuad Noman (PSD) terá a relação com a Câmara Municipal da cidade (CMBH) o seu maior desafio no campo político, e a mobilidade e o meio ambiente como principais questões a tratar na gestão urbana, apontam especialistas.
O cientista político do Ibmec, Adriano Cerqueira, avalia que o atual prefeito tem um diálogo bem estabelecido com o governador Romeu Zema (Novo) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O que precisa ser feito agora é trilhar um caminho mais pacífico com o que foi feito até então com a CMBH.
O atual presidente da Câmara, Gabriel Azevedo (MDB), era seu aliado político, mas rompeu com o mandatário belo-horizontino a tal ponto que se tornou seu adversário direto na disputa pela PBH. “O desafio vai ser ter uma base mais confiável e sólida na Câmara Municipal, preferencialmente influenciando na escolha do novo presidente da Câmara, para evitar a situação atual”, disse Cerqueira.
Com uma presidência da Câmara mais amistosa com a PBH, o prefeito reeleito terá que trabalhar para ter uma base também mais receptiva, que deverá partir principalmente dos partidos de centro-direita e contar com apoio eventual da ala mais à esquerda, aponta o cientista político, já que Fuad Noman antagonizou com o PL nestas eleições.
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“O PSD pode ser um elemento de ajuda nessa costura. De qualquer modo, a gente vê que os partidos de centro-direita têm condições de criar uma maioria para Fuad”, afirma Cerqueira. “Vai ser da capacidade dele de fazer essa composição e o melhor caminho é apoiar um candidato próximo ou estrategicamente interessante para uma relação positiva”, completa.
A mobilidade urbana continua desafiadora para Fuad no próximo mandato, por conta da grande “população volante” da cidade, afirma o mestre em administração e diretor da unidade Floresta da Estácio, Alisson Batista. “Esses municípios que circudam a capital trazem muitos colaboradores para cá. Então, o desafio da mobilidade, de fato, vai continuar nas questões de obras e investimentos em infraestrutura”, aponta.
Batista ressalta que o custo da máquina pública pode fragilizar a gestão e que o atual prefeito terá que racionalizar na contratação de colaboradores nos setores do Executivo municipal. Além disso, o professor aponta que Fuad deverá dar uma atenção extra ao meio ambiente.

Esta questão será o principal desafio do segundo mandato de Fuad para o diretor de Programas de Gestão Pública da Fundação Dom Cabral, Paulo Guerra. Ele aponta que a capital mineira fica apenas na 372ª posição neste tema no Ranking de Competitividade do Centro de Liderança Pública (CLP); com a 92ª maior emissão de gases de efeito estufa (GEE); a 385ª posição em cobertura florestal; e a 270ª posição em recuperação de áreas degradadas.
“A falta de preparação da cidade para lidar com problemas oriundos das mudanças climáticas chama a atenção. Além dos frequentes alagamentos, o atual plano local de ação climática é pouco ambicioso e padece de estrutura real”, declarou.
Entidades pedem atenção à questão tributária
A Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais (ACMinas) parabenizou Fuad Noman pela reeleição e elencou a recuperação do centro de Belo Horizonte como um dos pontos centrais da continuidade da administração. Além disso, a entidade espera que o prefeito fique atento à reforma tributária para que a cidade não perca arrecadação de impostos.
A questão tributária também foi tratada pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), que felicitou a reeleição do quadro do PSD, mas de outra forma. A entidade lojista pede redução de impostos municipais e espera que a PBH envolva e consulte o setor na formulação de políticas públicas que impactem a economia e o ambiente de negócios.
Outros pedidos são a garantia de corredores comerciais limpos e bem iluminados, além de uma segurança reforçada para assegurar um ambiente de compras favorável e seguro.
A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) foi procurada pela reportagem para repercutir a reeleição de Noman, mas até o fechamento da edição não houve retorno.
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