Defesa de Lula entra com novo recurso contra decisão do TSE
Brasília – A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF) um novo recurso para reverter a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que barrou a candidatura do petista com base na Lei da Ficha Limpa, em estratégia que amplia a ofensiva no Judiciário para garanti-lo na disputa presidencial.
Os advogados querem a concessão de uma liminar para sustar os efeitos da decisão do TSE e permitir que Lula continue na disputa presidencial até uma decisão final do STF sobre a inelegibilidade do petista. Esse recurso, com 164 páginas, será relatado pelo ministro Celso de Mello.
A defesa alega que é necessária uma decisão do STF logo sob risco de dano irreparável. O argumento é que o TSE definiu que a coligação presidencial encabeçada pelo PT tem de substituir o candidato a presidente até o dia 11 de setembro. Questiona também o fato de a corte eleitoral ter determinado a retirada do petista das propagandas eleitorais.
Na ação, os defensores do ex-presidente citam o voto do ministro Edson Fachin no TSE, favorável à candidatura de Lula com base no argumento da recomendação do Comitê de Direitos Humanos da ONU para que o petista mantenha todos os direitos políticos.
O recurso cita também voto da presidente do TSE, ministra Rosa Weber, que, embora contra a candidatura, “referendou quase toda a lógica” de Fachin, divergindo apenas no fato de que não havia sido editado um decreto presidencial com ordem de execução para dar validade às recomendações do colegiado da Organização das Nações Unidas (ONU).
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Ofensiva – Essa nova ação se soma à ofensiva que a defesa do ex-presidente faz para garantir a presença dele na disputa presidencial. Em outro recurso, o ministro Fachin vai relatar pedido dos advogados do petista de que a recomendação do Comitê de Direitos Humanos da ONU pela manutenção dos direitos políticos do ex-presidente seja cumprida pelas autoridades brasileiras e, na prática, permita que ele permaneça na disputa ao Palácio do Planalto.
Nesse pedido, os advogados do ex-presidente argumentam que o Brasil reconheceu a competência do comitê para analisar comunicados individuais sobre violações de direitos humanos e que cabe ao Judiciário brasileiro apenas dar cumprimento às obrigações internacionais do País.
Na madrugada do último sábado, o TSE decidiu por 6 votos a 1 barrar a candidatura de Lula ao Palácio do Planalto com base na Lei da Ficha Limpa, que torna inelegíveis condenados por órgãos colegiados da Justiça. Antes de ser barrado, o petista – que está preso desde abril – liderava a corrida presidencial em todas as pesquisas de intenção de voto.
Fachin, que também é integrante do TSE, foi o único a votar favorável a que o ex-presidente permaneça na disputa presidencial, baseando-se fundamentalmente na recomendação da ONU.
A defesa de Lula pediu que seja concedida uma liminar para que se cumpra a manifestação da ONU e que o petista possa continuar como candidato ao Palácio do Planalto. Esse pedido pode ser decidido exclusivamente pelo relator ou o ministro pode decidir levar o recurso para um colegiado decidir, no caso a 2ª Turma, ou o plenário do tribunal.
Fontes ouvidas pela Reuters disseram que o PT começa a organizar a transição da candidatura presidencial de Lula para o hoje candidato a vice, Fernando Haddad, mas ainda espera o aval definitivo do ex-presidente, o que só deve ocorrer justamente depois da decisão do STF. (Reuters)
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