Política

Kalil apresenta a “caixa-preta” da BHTrans

Kalil apresenta a “caixa-preta” da BHTrans

Promessa de campanha do prefeito Alexandre Kalil (PHS), batizada de “abertura da caixa-preta da Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans)”, a auditoria nas contas das empresas de transporte coletivo da Capital revelou que a tarifa de ônibus ideal para a cidade seria de R$ 6,35.

O estudo da Maciel Consultores concluiu que este seria o preço necessário para que as empresas conseguissem arcar com custos operacionais e de manutenção do transporte público da capital mineira e obterem a taxa de retorno prevista em contrato.

Uma segunda metodologia da Agência Nacional de Transporte de Passageiros (ANTP) sugeriu que o preço deveria ser entre R$ 5,05 e R$ 5,61. O prefeito se disse assustado com os números apresentados e garantiu que o valor não chegará a estes patamares. O último reajuste aconteceu em 2016, quando o valor passou de R$ 3,70 para os atuais R$ 4,05.

“Foram praticamente 400 caixas e mais de 104 mil documentos analisados. Foram oito meses de trabalho e estou assustado com o que vi: números que não refletem o atual cenário econômico. Esse preço é inviável”, afirmou o prefeito de Belo Horizonte em coletiva de imprensa.

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No entanto, quando questionado se poderia haver alguma irregularidade nos contratos e se os mesmos deveriam ser revistos, Kalil se limitou a dizer que este não é o papel da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).

“Esses contratos foram assinados há 11 anos e nunca foram questionados pelo Ministério Público ou pela Justiça. Não sou irresponsável de dizer que há problemas, pois neste tempo todo, eles foram aprovados. O que pode ter havido é uma defasagem contratual com o passar do tempo”, completou.

Horas depois, em reunião a portas fechadas com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH), a equipe de Kalil chegou a propor um aumento da passagem dos atuais R$ 4,05 para R$ 4,50 mais recontratação de 500 colaborares, mais 300 ônibus com ar-condicionado. O Setra-BH não aceitou. Uma nova reunião ficou agendada para a próxima semana.

“Houve uma tentativa de imposição por parte da prefeitura e as concessionárias não têm condições de aceitar. Vamos analisar o estudo apresentado junto com nossa equipe jurídica e tomar as medidas necessárias para conseguirmos, pelo menos, recompor a inflação, as perdas dos últimos anos e cumprir com os contratos”, justificou o presidente do Setra-BH, Joel Jorge Paschoalin, alegando ainda que as empresas não possuem recursos para renovação da frota, tampouco para recontratar cobrador.

Diagnóstico – De acordo com representantes da Maciel Consultores, o diagnóstico levou em consideração uma série de documentos relativos aos desempenhos das concessionárias, cujos ganhos de produtividade poderiam refletir em uma menor tarifa aos consumidores finais. No entanto, o estudo revelou que a tarifa cobrada não tem sido suficiente para atingir a remuneração de 8,95% prevista nos contratos.

Neste sentido, o prefeito lembrou que a taxa de retorno prevista no contrato é de 8,95% e diante da relação receitas/custos dos últimos anos tem ficado em -3,49%.

“Fiquei impressionado com os números, porque num primeiro momento eu não acreditei nas reivindicações dos empresários. Isso mostra que para o transporte público não tem crise. Estará tudo lindo se colocar este preço. Mas o País está em crise. Vamos tentar encontrar um denominador comum, pois se por um lado eles querem o lucro, nós queremos baixar o preço para a população”, reiterou.

Ao final da coletiva, Kalil citou uma lista com os preços do transporte público em 22 grandes cidades brasileiras e destacou que a única com valor inferior ao de Belo Horizonte é Vitoria, no Espírito Santo (R$ 3,40).

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